O amor é assim.
Primeiro me aprecia, depois me apressa.
Primeiro me abraça, depois me aperta.
O amor é assim.
Perde a hora e culpa a mim.
E eu, que tão frequentemente me perco no labirinto que levo dentro, me vejo de novo crente.
Dessa vez, de 277 mandamentos, servindo 43 deuses e destinado a uma dezena de infernos.
É assim que a promessa de salvação vira expectativa de danação.
Eu não sei resolver isso.
E aí vou me convencendo de que a solução não está errada; está errado o problema.
Que vivo me perguntando qual será meu lugar correto, quando eu devo ser o lugar errado de tanta gente.
Se nem eu mesmo encontro morada dentro do que sou, como posso almejar abrigar qualquer um?
No fim, me vejo assim, outra vez acomodando o mundo num peito que mal me cabe.
E assim vai crescendo essa sensação de ocaso,
de que me quebraram de um jeito definitivo,
de que não sei jogar esse jogo,
essa sensação de que ou me quebraram ou eu já nasci quebrado.
Há dias em que é mais difícil ser.