domingo, 19 de outubro de 2008

Domingos - 19 de Outubro de 2008 - 06:51


Esse dia silencioso me traz isso,
onde tudo é devagar sob um céu cinzento.
As camas cheias prometem mais que o paraíso,
e nas ruas tudo corre preguiçoso e lento

Por dentro só uma lacuna impreenchivel
na boca a saliva não consumida
nos olhos uma indiferença indescritível
e na mente uma dor ainda doída...

Esse dia silencioso é sempre assim
onde as pessoas parecem sumir
onde o vazio é sem fim
e onde em todo caminho não se sabe pra onde ir...

Por dentro é só saudosismo velado
e a rotina abraçada, abrasada, incomodada...
Por dentro é aquele sentimento renegado
e a sensação de noiva no altar abandonada...

Esse dia silencioso nunca diferente
domingos, domingos e domingos
tento sobreviver a ele de forma decente
Para amanha nos ís poder pôr os pingos

E por dentro a completa incompletude
a lacuna não preenchida
Essa sobra que me causa inquietude
tormentos da trilha escolhida, vivida, obtida...

Domingos...
Dia do almoço com casa cheia,
e da visita incômoda que quer lanche, jantar e ceia
Dia de santos, tantos santos...
tantos domingos são, e tantos São...
Dia da Igreja, do Senhor
Dia da família e pra quem não a tem, da dor


Domingos...pra mim...
Dia de meu tormento
onde me falta colo,
onde me falta alento
Ou talvez onde me falte talento
pra lidar com tamanha vagarosidade
dia da minha vaidade
dia de sentir a idade...

Domingo dia cinzento...
fazendo sol ou chuva...
esse diazinho deixa meu mundo lento...

[PH]elipe R. Veiga


4 comentários:

Marla de Queiroz disse...

Domingos têm a brochura de um "Ulisses" de James Joyce:
são dias eternos, lentos, arrastados pelas suas mal-contadas horas.
Têm resquícios de amores passados, ensopando manhãs.
Têm arestas de indecisão ampliando seu quebra-cabeça incompletável
pra esticar as tardes.
Têm desejos de alguma novidade.
Têm contradições e desperdícios,
não têm conclusões, só indícios.
Domingos adiam suas noites pra causar impacto.
E quando nos acostumamos depois de ter andado entre sonhos,
entre livros, entre bares, entre tédios, entre ansiedades,
entretenimentos, entrelinhas,...
Domingo, tal qual o mar, anuncia sua ressaca:
uma segunda-feira vingará.

ADOREI o seu poema...acho que compartilhamos dos mesmos domingos...rsrsrsrs.

Beijo!

Menina Pequenina disse...

PH, dias cinzentos vem mas cabe a nós escolhermos o que fazer neles! Momentos turvos também são belos, enchem nos de triste inspiração e faz nos traduzir em perfeita versificação! beijos bom dia e que você consiga apagar toda a marca que ainda te faz chorar dessa data! adoro você amigo *.*

Fernando Lima disse...

Conheço essa sua repulsa pelo domingo... mas vc sabe q nem sempre foi assim!!!! e assim como um dia o sol brilhou muito mais do q mágoa, isso pode acontecer denovo..
"...open your eyes..."
Lembra dessa frase? tenho mais motivos para odiar o Domingo do q vc, mas tento levar a vida de alguma forma... não sou exemplo de nada, mas se eu q sou eu estou conseguindo, pq vc q é VC não conseguiria?
Te adooooooooro rs

Husky disse...

Por isso que quando eu tenho um domingo que não se comporta com um "domingo" eu falo que ele está com cara de sábado, sexta, quinta, etc...
Mesmo sabendo que é um vício e só estigmatiza ainda mais os meus domingos...

Sobre um cofre no peito.

É de uma longa caminhada que venho, e foi nesse processo de muitos anos que fui aprendendo a sanear meus comprometimentos. Não por mero rigo...