quarta-feira, 9 de junho de 2010

Poesia pra quê? - 9 de Junho de 2010 - 16:30



Arre! Que dizer da utilidade da poesia nessa vida?
Me diga você, pra quê poesia?
Se a gente ainda acorda com os olhos colados pelas lágrimas que sofremos em sonho, e fedemos, e andamos e andamos como quem conhece algum caminho.


Descansa meu caro Quixote!
Tudo na vida, desde o amor a morte,
é tudo moinho!


Pra quê poesia? Me diga, pra quê?

Se a gente se come e ainda assim dorme urrando de fome. E se nos multiplicamos e enchemos a terra, e só o que aumenta é o vazio do mundo e a nossa solidão.


Descansa meu caro Hamlet!
Que de nada te importa ser ou deixar de ser,
porque "é tudo luz e sonhos"(cazuza) afinal, e nós não passamos de nós no cordão umbilical de Deus.


[E de repente me ocorre...]


Ah poesia minha, vadiagem minha! Se te julgo a ti tão inútil assim, que direi para justificar-me? Diga-me, que direi em minha defesa e em razão de minha existência?

Eu.
Poeta de peito quente e coração gelado que vive o fingimento da realidade como se houvesse alguma verdade no que chamo verdadeiro.
Eu.
Dono de toda a medíocridade que cabe a um ser vindo do barro, primo esnobe de símios que pensa ter descoberto o amor.

És tú meu espólio do mundo, o que veio comigo seja lá de onde eu vim, e vai comigo seja lá pra onde vou depois daqui. Assim descubro que vivo pra ti, e descubro que não sou homem, pois não sirvo a que servem os homens. Sou poeta. Sim, com toda indefinição que possa definir a palavra, eu sou poeta. Há poesia, e porque há poesia há poeta, e porque você é... eu sou, e assim somos... e vamos sendo...


[PH]elipe R. Veiga

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O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente.
Que chega a fingir que é dor.
A dor que deveras sente.
(Fernando Pessoa)

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Poetas e loucos aos poucos
cantores do porvir.
E mágicos das frases endiabradas sem o mel
Trago boas novas, bobagens num papel.
(Cazuza)

3 comentários:

JPM disse...

Olá,
Bacanas os teus escritos!
Só não entendo o teu codinome "Poetinha Vagabundo"...
Saúde e felicidade.
JPMetz

Marcelo Ribeiro disse...

muito bom, phelipe. gostei bastante dos versos finais. :)

dizer palavras disse...

essa ausência, esse querer viver causa um tormento imenso! legal seu texto!

Sobre um cofre no peito.

É de uma longa caminhada que venho, e foi nesse processo de muitos anos que fui aprendendo a sanear meus comprometimentos. Não por mero rigo...