A janela, a paisagem.
Haja nela a paz que age.
Hoje olha pelas mesmas janelas depois de dinamitada a paisagem.
Vê, decorada, flores na memória, quadros nas paredes dos fatos.
Lembra: Explodiu o quarto e o quarteirão. Inteiros, ficou tudo pela metade.
Sobrou pedra sobre pedra,
e flor,
e quadro,
e memória,
e parede,
e quarto e quarteirão.
Havia sobrado,
havia paisagem.
Faltou explodir a outra parte.
Faltou afogar as flores na sequidão,
faltou guardar os quadros.
Mais suspensos,
suspeitos.
Faltou parede pros quadros.
Faltou desfiar as horas.
Faltou tecer orações
subordinadas,
e quem sabe fechar a cortina ao menos.
Faltou explodir a parte de dentro da janela.
A via nela, há paisagem
indestrutível.
Phelipe R. Veiga
18 de fevereiro de 2016 - 12h41
"Voltar quase sempre é partir para um outro lugar."
(Paulinho da Viola)
Ó tu que tens nas mãos, sob os diversos sentimentos que se renovam a cada página inda não lida. Não repares se a forma é apurada ou se a métrica foi talvez torcida, olhe somente a Vida nos meus versos que a Vida do meu verso - é a minha vida" (Vinícius de Moraes)
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016
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