Eis que a vida não é nada
É apenas uma ciranda que segue a entreter os desocupados
Eis que a vida é uma divina mancada
Que faz de todos os homens igualmente culpados
Eis que o dia segue cinzento
E em cada esquina buscamos razão de viver
Eis que nos falta paz e alento
E resignosamente seguimos tentando ainda crer
Eis que o que há de bom se dilui no mal do mundo
E o que temos se perde no que perdido está
Eis que a bondade é a vaidade de corações vagabundos
E o paraíso que se espera, acreditem, jamais sequer existirá.
Eis que a vida é um ponto final entre o sujeito e o predicado
Uma frase interrompida sem sucesso na emissão da mensagem
Eis que “a vida é” mesmo “um adeus demorado”
Eis que minha vida é uma tempestade de muito esperada estiagem.
Não há nada
Nada…
Nada é o mar onde o rio de todas as coisas deságua…
E é pra lá que seguimos todos…
E pra quê nadar contra a correntêsa?
Eu vou tão somente boiar
Contemplar os tons do céu
As aves a voar
Os relâmpagos e raios…
Sentir a chuva
Estar vivo é estar na chuva
Até que eu desague no mar dos esquecidos
Talvez lá haja paz…
[PH]elipe R. Veiga
"Morrer é dormir, sonhar talvez." - W.Shakespeare
Nenhum comentário:
Postar um comentário