Ó tu que tens nas mãos, sob os diversos sentimentos que se renovam a cada página inda não lida. Não repares se a forma é apurada ou se a métrica foi talvez torcida, olhe somente a Vida nos meus versos que a Vida do meu verso - é a minha vida" (Vinícius de Moraes)
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Epitáfio de 2010 (O saber equivocado)
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Reflexões de Fins de Ano
Hoje vejo-me, e mais, me olho nos olhos. Não é que eu não saiba amar, visto que essa é uma daquelas coisas que se aprende fazendo, mas é que eu não sei se quero. Rejeito e resisto ao amor feito um cão resiste a coleira, mesmo desejando ardentemente o passeio, mas por que a coleira? Desejo tanto o afago atrás da orelha quanto rejeito a coleira. Penso na angústia do amor que dá certo. Vivemos a lamentar nossos fracassos amorosos... Mas e se der certo mesmo? Meu Deus! Ser feliz é tão assustador! Saberei ser feliz? E você? Saberia? Penso-me tão jovem pra ser feliz pra sempre, mas quando é que me verei velho? Acaso também não me pensarei velho demais daqui a um tempo? Será que a tentativa não deixou espaço pro sucesso? E minha poesia? Sei fazer a dor rimar com a angústia, saberei rimar alegria com felicidade? Sobreviveria a poesia em mim? Porque não escondo, entre eu e o poeta, escolho facilmente o poeta. E agora José? E agora que a festa não acabou? Que fazer? 14:33
Não há outra maneira. Sou um estranho, feito um sapato para uma espécie de pé que já não nasce mais. O caos do mundo me invade, o passo constante dos ponteiros é o som do caminhar tranquilo da morte vindo em minha direção e já não há saída. Passei vinte três anos e alguns dias nesse mundo e em todo esse tempo não encontrei um lar sequer, não há uma calma que meu coração abrace, uma cama em que meu corpo descanse, um abraço em que minha inquietude se abrande. Concluo assim... Pra mim nesse mundo não há lugar, pra mim não há a possibilidade de par. E aos passos distantes da morte que se tornam cada vez mais audíveis eu vou me tornando cada vez mais esquisito. Sou um estranho cheio de silêncios até para os meus mais íntimos. Que fazer? Desespero-me calma e silenciosamente, e sediciosamente tento me juntar a isso tudo e fazer desse caos algum tipo de paz. Sou... 14:18
terça-feira, 30 de novembro de 2010
O que eu sou?

O que eu sou?
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Pena

domingo, 7 de novembro de 2010
Carta para o Imperador

São cais noturnos
Cheios de adeus
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe dos breus..."
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
A Falta que a Falta Faz

Há aquelas noites onde está tudo tão bem
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Já era... já somos!

Porque não me seguraram?!
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir.
domingo, 17 de outubro de 2010
Carícia de Deus - 17 de Outubro de 2010 - 22:45

A morte se debruça sobre o muro
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Desjejum - 11 de outubro de 2010 - 17:18

Com as notas musicais de um teclado
Em meio a cidade do oficio e do riso
De afeto e do lixo
Não acho difícil
A gente pescar - a beleza
A gente sacar - a beleza
A gente firmar - na beleza
A gente espiar - a beleza
A gente se amar - na beleza
domingo, 10 de outubro de 2010
Filho de Liríope - 10 de Outubro de 2010 - 15:58

Acordei e pensei nele. Olhei no relógio e vi, estava quase na hora de encontrá-lo, tinha que me arrumar. Corri para o banho e lá fiz minha barba, lavei meus cabelos, lavei-me cuidadosamente. Saindo, coloquei minha melhor roupa, meu melhor perfume, meu melhor penteado, tentando impressioná-lo, lembrá-lo da beleza que há em mim e que talvez por descuido meu ele possa ter se esquecido, ou eclipsado pelos astros do meu dia a dia. Calcei meus sapatos e corri para o banheiro, e quando me virei o vi...
"Tirésias fora consultado por Liríope (mãe de Narciso) com a seguinte pergunta: Narciso viveria muitos anos? A resposta foi: Se não se conhecer... Se não se vir..."
Mito de Narciso
sábado, 9 de outubro de 2010
Hoje 3 - 09 de Outubro de 2010 - 16:17

Tem dias que eu fico pensando na vida
E sinceramente não vejo saída
Como é por exemplo que dá pra entender
A gente mal nasce e começa a morrer
Depois da chegada vem sempre a partida
Porque não há nada sem separação
Sei lá, sei lá
Só sei que é preciso paixão
Sei lá, sei lá
A vida tem sempre razão
Vinícius de Moraes
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Luto - 22 de Setembro de 2010 - 22:43

sábado, 11 de setembro de 2010
Ipanema - 14 de Junho de 2010 - 17:43
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Da preguiça - 08 de Setembro de 2010 - 19:45
Rompe as amarras da preguiça
Vem me abraçar que eu to com saudade
Sai dessa cama movediça
Acorda enquanto ainda temos pouca idade
Rompe o medo do vento lá de fora
Que eu to pensando em você
To te esperando tem mais de hora
E já não posso ficar sem te ver
Você só precisa dar um passo
Eu corro o resto da corrida pela gente
Nem preciso dizer tudo que posso e faço
Pra poder te manter no meu abraço quente
Vem logo que a noite passa ligeira
E a madrugada sempre te rouba de mim
Tira meu apreço da sua cabeceira
E vamos viver depressa que todo começo já anuncia seu fim
Desata do pescoço a preguiça
Que ela sufoca o amor
E seria uma puta injustiça
Trocar tanta ternura por dor...
A hora já vai passando
E você insiste em se demorar
E eu aqui quase te amando
Cansando de me protelar...
[PH]elipe Ribeiro Veiga
---------------------------------------------------------------------------------
Entre por essa porta agora
E diga que me adora
Você tem meia hora
Prá mudar a minha vida
Vem, vambora
Que o que você demora
É o que o tempo leva...
Vambora- Adriana Calcanhoto
domingo, 22 de agosto de 2010
O Novo Amor - 18 de Agosto de 2010 - 17:35

A gente fica maior, nosso humor sofre de variações, ficamos bestas e sensíveis. Gastamos por conta, parece que tudo gira em torno daquele amor que ainda está em gestação. Você ama o novo amor em imaginação muito antes de ele vir a nascer. Você se protege mais porque sabe que está mais frágil e suscetível a coisas que outrora eram muito simples mas que agora podem abortar o novo amor. Você muda, se sente mais homem ou mais mulher, se sente mais importante (e é porque cada vez mais se vêem pessoas que sofrem de esterelidade do coração)...Você dá nomes e apelidos ao novo amor, fica ansioso, preocupado, tenta ser ou se tornar tudo que acha que o novo amor gostaria de você... E sente medo... Muito medo... Poque o mundo é mau... E muitos são os amores que jamais alcançam sequer a primeira infância... São brutalmente assassinados. Você sonha o amor dia e noite...e as vezes dá até aquela tristeza... Porque nada é pra sempre... E ninguém a ninguém pertence...
Que dó...
Os amores são como filhos... Os geramos para além de nós mesmos... Logo existirão fora de nossa imaginação, correrão riscos, farão escolhas que escapam a mãe de todos os amores... A saber... A imaginação...
É... Um dia os amores crescem e se vão...Deixa eu me aquietar dessas angústias, fechar os olhos e descansar... Porque quanto a mim... Meu coração já dilatou e começo a sentir as primeiras contrações.
[PH]elipe Ribeiro Veiga
---------------------------------------------
Eu tenho que arranjar
Algum conforto pra viver
Paixão é bom, eu sei
Já tive mais de mil
Mais de mil vezes eu vi
Que era engano
Que era por mim que eu
Estava chorando
E tanto tempo eu tento
Que me sirva de consolo
Eu quero amar alguém
Sem delirar de novo
Se Deus existe mesmo
E o amor é seu agente
Então ele só pode
Fazer bem pra gente
Cazuza - Conforto
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Receita de Grandeza - 03 de Agosto de 2010 - 12:53

Foi numa noite de coração minguante e de maré baixa em que concebi esses pensamentos,
refletia sobre meus ídolos, todos mortos... todos engrandecidos, talvez pela morte...
Pensava enquanto via a lua (menos minguante que meu peito) no que tornaria um homem grande...
Percebi que um homem pra ser grande precisa...
ter sido enganado
ter sido traído
ter sido frustrado
ter sido pego de surpresa
ter vivido uma tragédia
ter sofrido uma injustiça
ter se decepcionado (consigo e com outros)
ter perdido um sonho
ter perdido alguém
ter sido abandonado
ter experimentado a pobreza (de alma ou de moedas)
ter descoberto um amor falso
ter chorado (mais que os olhos)
ter sofrido (com a alma)
ter dívidas
ter cometido uma injustiça (e tomar consciencia disso)
ter amado
não ter sido amado de volta
ter perdido a fé a esperança
ter sido errado
ter sido humano
ter sido pequeno
e depois disso tudo, se no dia seguinte ele ainda assim se levantar e ver beleza no mundo e em si, e em seu mundo... teremos um grande homem.
Pena que a grandeza é tão pequena...
[PH]elipe Ribeiro Veiga
-------------------------------------------------------------------------------
Assim como o poeta só é grande se sofrer
Vinícius de Moraes - Tom Jobim - Eu não existo sem você
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Sexo - 21 de Julho de 2010 - 17:56

quinta-feira, 1 de julho de 2010
Febre - 01 de Julho de 2010 - 16;14

Que vontade de você...
Te por contra a parede
Segurar os seus braços
Construir ao seu redor uma rede
De abraços e preencher seus espaços
Inspirar sua pele feito um viciado
Morder seu pescoço feito um esfomeado
Sentir-me em ti assim
Tal qual sinto-me em mim
E ofegante te envolver
Te ser cobertor, de calor te fazer derreter
Feito uma febre te fazer delirar
Pra que em meio a tanto êxtase
Não percebas o panaca que sou
Embasbacado a te contemplar...
[PH]elipe R. Veiga
-------------------------------------------------------------------------------
Eu traço tantos planos
Brilhantes, antes
De te ganhar num salto
Mortal, de iniciante
Na pirraça de te ter
Por enquanto, por enquanto
Eu miro o índio que eu sou
No teu ser
E alcanço
Viagens tão óbvias
Loucuras tão sóbrias
De um iniciante
De um iniciante
Aprendiz das piscinas
Tão tingidas de escuro
Aonde, peixe safo
Eu nado até você
Até o teu mundo
Que eu também procuro
Nesse quarto sem luz
Nessa ausência de tudo
Blues do Iniciante- Cazuza
sábado, 19 de junho de 2010
Rato - 19 de Junho de 2010 - 20:24

Meu pai já me dizia desde bem cedo, desafiando-me a fazer proezas "És um homem ou um rato?".
Quem nunca invejou?
Quem nunca traiu?
Quem nunca mentiu e enganou?
Quem nunca desejou o que não devia?
Quem nunca possuiu o que não queria por pura hipocrisia?
Quem admitiria tais coisas senão os ratos?
Quem tomaria posse de forma nua e crua de tais fatos?
Quem confessaria, mesmo que a si mesmo, a realIDADE de seus intentos?
Quem confessaria, mesmo que por uma piada ubuesca o que se passa em seus próprios pensamentos?
quem foi mais apreciado pelos homens
quem foi mais amado pelos amantes
quem foi mais cuidado pelos pais
quem foi mais afortunado pelo acaso
quem foi mais feliz pelas escolhas
e confesso
sou invejoso, ciumento e inadaptado
sou hora homem, hora menos que isso
mas mais do que nada, acima de tudo
Rato.
[PH]elipe Ribeiro Veiga
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Poema em Linha Reta - Fernando Pessoa
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
A faca cega, cega da paixão
E dar tiros a esmo e ferir
O mesmo cego coração
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Poesia pra quê? - 9 de Junho de 2010 - 16:30
Eu.
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente.
Que chega a fingir que é dor.
A dor que deveras sente.
(Fernando Pessoa)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Poetas e loucos aos poucos
cantores do porvir.
E mágicos das frases endiabradas sem o mel
Trago boas novas, bobagens num papel.
(Cazuza)
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Madrugada - 04 de Junho de 2010 - 03:40

Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada prá a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa...
Pai! Afasta de mim esse cálice - Chico Buarque
terça-feira, 1 de junho de 2010
Carta ao Mar - 1 de Junho de 2009 - 16:16

Sobre um pelo branco.
Hoje eu percebi um pelo branco no meu braço e lembrei de você. Pensei nos seus olhos infantis. Na sua gargalhada hipersônica. No seu sorriso...
-
O copo transbordou e virou. O recipiente para o qual eu escoava todo o meu amor, minha expectativa de futuro, de correspondência, de acolhim...
-
É de uma longa caminhada que venho, e foi nesse processo de muitos anos que fui aprendendo a sanear meus comprometimentos. Não por mero rigo...
-
Hoje eu percebi um pelo branco no meu braço e lembrei de você. Pensei nos seus olhos infantis. Na sua gargalhada hipersônica. No seu sorriso...