O amor é uma bigorna suspensa por um fio de cabelo.
É frágil e desgovernado.
A seu custo toma-se caminhos e decisões outras, tropeçamos na pedra e agradecemos à pedra. A seu custo perdemo-nos de nós mesmos e de nossos nortes. A seu custo percebemos, pouco a pouco nos afastamos do que queríamos ser, somos cada vez menos o que pensamos, mais o que sentimos. O amor é um tropeço que nos faz voar, é um afogar-se proposital, onde prende-se a respiração para ficar mais tempo embaixo d'água. O amor é um voo que evita o pouco, mesmo arriscando ficar sem combustível para tal. O amor é penhorar os sonhos todos em prol da possibilidade de sonhar tudo de novo. O amor é um corte, uma encruzilhada, um perder-se proposital. O amor é uma armadilha que armamos pra nós mesmos e encenamos nossa própria queda. O amor é a esperança dos homens tolos, e dos não tolos. O amor é a solução pra todas as doenças, toda miséria, todo problema, toda angústia. O amor é asa, é furacão, é rosa e espinho, herdeiro da paixão. O amor é cultivo e dedicação. Segurança, abraço e abdicação. Sendo tanto, como poderia assim ser fácil o amar?
O amor é uma bigorna suspensa por um fio de cabelo. Ao seu custo, faz-se tudo, torna-se nada, vai se
a qualquer lugar, abraça-se lugar nenhum, em prol do amar. O amor é tudo, e nada mais!
Phelipe Ribeiro Veiga
04 de Março de 2012 - 16:16
"Se isto é falso, e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou."
W. Shakespeare
Um comentário:
Fazia muito tempo que eu não lia algo assim seu, algo tão gostoso e calmo. O amor não é só o ridiculo da vida mas o fator que nos ridiculariza e nos faz ser menos autenticos, é como se o amor nos fizesse ser clones imperfeitos de quem amamos. Ele é o furacão que venta mais forte que a razão, o espinho da não correspondencia ou ausência que insiste em nos perfurar... Por fim creio eu que o amor também é um fantasma que vem nos assombrar quando tudo parece estar tão certo em nossas vidas...
Bom texto Phe
Gostei mesmo do que li
beijo s p vc Poetinha
do Furucão do bem!
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