O que me tornei?
Eu fui me embolando nos teus fios e me colando na tua teia de tal modo que meus movimentos de sempre começaram a ser prejudicados, minhas atitudes eram limitadas por esse contato exótico com você. A cada sorriso eu me enrolava mais, a cada beijo meus pés ficavam mais amarrados, e agora que eu já caí tem tempos, beijo é o chão, e me dou conta, até onde me permiti seguir?
Tu minha criança, és de fato uma criança, e os outros eclipses da luz que julgas necessitar em tua vida. Essa realização explica o porque de tu me apagares e me acenderes, até aqui, quando bem entendias.
O fato é que estou farto. Houve teu despertar, onde tu perdestes toda virtude que me enamorava, e tornastes-te tão somente tu, centrado, egoísta e limitado, cheio de medos e covardias (feito eu e todo o mundo mais).
Agora é o meu despertar.
Os cheiros aparecem, os gostos, os atos... e eu estou mesmo é com teu cheiro em tudo de mim. No fim, onde é que eu fui parar? Onde me larguei feito despojo pra te seguir por essa estrada que é tua e que não me leva (e na minha opinião, nem te leva) a lugar nenhum?
Minha criança! Eu não sou assim.
A água e o óleo até parecem se misturar quando sacudidos por uma força qualquer, mas basta deixá-los em descanso que eles vão se separando e percebe-se claramente, jamais estiveram misturados, jamais foram coisa igual, senão separados, diferentes, eternamente amputados um do outro. Sou tu e eu. Agora que tua razão e calmaria me aplacaram, tua tranquilidade de ser tão descompromissado custou a ti minha percepção do que deixei de ser, e percebo agora, talvez o avanço esteja uns dois ou três passos atrás. Talvez seja tempo de evoluir voltando a ser, e retomando o meu caminho de onde parei, consciente do que não quero nunca me tornar.
Sou um homem, sei da virtude das coisas, e hoje eu a escolho de novo, pra mim.
Boa noite e boa sorte!
Phelipe Ribeiro Veiga
05 de Março de 2012 - 21:29
"isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além" Leminski
"Quem é homem de bem não trai o amor que lhe quer seu bem." V. de Moraes
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