sábado, 19 de maio de 2012

Sobre meus 25 anos (Um texto de aniversário).



Vou-me para uma segunda metade de um quarto de um todo indivisível e invisível. E nesse compasso dissonante quanto mais aprendo, menos sei e contrariamente mais certezas tenho sobre a Vida. Sim, Vida com V maiúsculo, Divina, Boa, Sábia e Graciosa Vida. A Vida, a divindade invisível, pouco adorada, apesar de muito adornada. Aprendi isso até agora, e mais uma meia dúzia de coisas.
Vou-me feito um sol que começa a alcançar o meio dia. A perspectiva do mundo ainda é de sombras, e de certezas fugazes, mas apesar disso muito saborosas. E as pessoas? Fato é que trocamos os aviões de plástico, que erguíamos fazendo sons com a boca, imaginando vôos, e hoje fazemos o mesmo com nossos trabalhos, amores, futuros. É tudo luz e som, e um pouco de sabor e textura. As alturas ainda não me assustam, mas as multidões já me afastam um tanto, as indecisões já me geravam distanciamentos, hoje muito mais. Pois apesar de jovem sei bem do quão curta a Vida é.
Há ainda muita esperança, pois apesar de curta, a Vida é profunda, e nela cabe muita coisa. Passados podem ser resignificados, futuros podem ser replanejados, e os presentes hão de ser muito saboreados, temperados de lucidez e insanidades, como de costume.
Há muito amor, muita paixão, muita lágrima e solidão. Paciência e tolerância. Os sonhos são reeditados, e vou pouco a pouco sabendo mais e mais o que eu definitivamente não quero pra mim (o que é um avanço na direção do que quero). As horas a frente variam entre atrasos e adiantamentos de tudo. Há rimas e desacertos, e sei que ainda vou revisitar muitas vezes o que tenho entendido ser uma das coisas mais tristes da nossa existência, que é o descompasso de nossas individuais percepções de tudo (se ao menos existisse um micróbio que pensasse uma vírgula como eu, haveria menos solidão). Há muito o que revisitar. Farei muito turismo sobre ruas velhas, remodeladas, revistas. E também hei de ser estrangeiro em muito futuro impensado. Hoje é um dia de gratidão. E é isso que lanço para tudo que me rodeia nesse momento. Pois apesar de não ser exatamente quem eu gostaria de ser, sou muito mais do que jamais imaginei que pudesse me tornar. A Vida ainda me surpreende, e enquanto isso acontecer, sempre valerá "a pena".


Phelipe Ribeiro Veiga
19 de Maio de 2012 - 20:15


"Estou comprometido com a vida até o último dos meus dias, e me esforço para mudar as coisas, e, para isso, não tenho outro remédio que não seja fazer o que faço e dizer o que sou." Saramago





Um comentário:

Rhodolfo Couto disse...

PH, poxa, texto lindo, meio q consegui enxergar seu intimo, quase sentir o que voce sente. Profundo, intenso. Gostoso. Parabéns.

Rhodolfo Couto.

Sobre um cofre no peito.

É de uma longa caminhada que venho, e foi nesse processo de muitos anos que fui aprendendo a sanear meus comprometimentos. Não por mero rigo...