Há por aí esses passarinhos que, passando por nossas margens de rio, por nossas copas de árvores e nossos vales, trazem seus cantos, suas sementes de longe e se vão. São adereços apaixonantes de paisagens simples. São como percussão, um som sutil que faz toda a diferença na música, mas que só percebemos sua presença quando se foi. Vão embora bem rápido. Não sabemos onde são seus ninhos (ou mesmo se os tem), não sabemos de que direção vieram e muito poucas vezes conseguimos rastrear pra onde foram. Há por aí esses passarinhos que são para nossas paisagens como adornos de segundos, como um laço no ponteiro dos minutos na hora exata do momento presente a se desfazer no minuto seguinte. Não há gaiolas que os contenham (nem mesmo as da memória). Se alimentam não sabemos bem do quê, são um mistério alado. São na verdade como um piscar de olho charmoso da Vida a nos xavecar, trazendo pra gente tesouros que só o que é perecível pode dar.
Phelipe Ribeiro Veiga
08 de Julho de 2014 - 11:35
"Alice: Quanto tempo dura o eterno?
Coelho: As vezes apenas um segundo." Lewis Carroll
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