Tantas pessoas se apaixonam, e depois sofrem pelo revés disso, mas raramente refletem sobre. As pessoas costumam dizer que amar não é uma escolha, que acontece. Mas eu vos desafio a olhar o espelho a frio, sem fortes consternações, de forma razoável. Você verá, há uma escolha, uma das mais difíceis, mas há. Há um momento de escolha, é como pular de um penhasco, nos segundos que precedem o salto você tem sim a escolha. O problema é que as pessoas confundem a inércia da queda livre com a escolha do salto. Uma vez caindo, de duas uma, ou o chão, ou os braços de alguém estarão a sua espera lá em baixo, mas antes de você ser apanhado pelo vazio, abraçado pela gravidade, você escolheu.
Desilusões, dores, sofrimentos. Tema de livros, filmes, novelas, e faz tanto sucesso. Temos uma relação doentia com a tristeza. É nosso adultério real, casamos nossos sonhos com a felicidade, mas é com a tristeza que gozamos. E depois, reclamamos.
Eu por outro lado busco um colo sem penhasco, um abraço sem abismo (a não ser o das palavras, do qual não abro mão), busco a sensação de apreço e cuidado, busco "o sabor da fruta mordida".
Ouvi certa vez que o amor nos beija e nos morde, e isso pra mim é fatídico. Se o bem que fazes ao ser amado te faz mal, te custa saúde, bem estar, há algo aí que precisa ser melhorado (ou abandonado). O bem do amor bom é reflexo.
Bom é perder o sono no amor por anseios de abraços e beijos, e não por desassossegos e inseguranças, bom é sonhar e não ter pesadelos, bom é querer perto, e não prender o ser amado, bom é ver sorrir e só fazer chorar de alegria, bom é compartilhar segredos e sonhos (e até pecados) e não lamúrias e incertezas. Todos que amamos sabemos que assim como o céu, os amores tem seus dias cinzentos, mas que assim como dias frios, que sirvam eles de desculpa pra se embrulhar juntos debaixo de um cobertor, e não razão de afastamentos grandes. Bom é amar bem, só assim o amor vale o risco e a escolha do salto. O resto é desassossego, é falta de ensejo, sofrer sem razão.
Pensemos nisso... antes de escolher.
Phelipe Ribeiro Veiga
31 de Maio de 2011 - 13:13