sábado, 2 de fevereiro de 2013

Sobre uma reflexão em três tempos.



Celebro a minha ignorância quanto ao ser humano. Pois o desconhecido justifica a continuidade dos dias, move o meu relógio. Como pode sermos tão feios e tão bonitos de perto? Somos feito uma camiseta, que quando vista de muito perto revela-se o encontro cuidadoso de vários fios tecidos carinhosamente pelos nossos dias de antes e de depois de nós, vindos de várias direções, de uma beleza e complexidade que superam em muito a estampa que qualquer um de nós possa valorizar e adorar. Não, eu não sei quem sou, nem quem você é! Quando conheço alguém sento-me cuidadosamente numa praia e começo a contar os grãos de areia sob a ventania forte do Tempo. Quando acabado a contagem terei conhecido inteiramente alguém, o que jamais acontecerá... 

(...)

E aí a gente estupra as possibilidades afim de dar viabilidade aos nossos desejos, tentando fecundar tais possibilidades violentamente, tentando fazer um sonho nascer realidade. O fato é que feito um homem que não pode impedir uma mulher, que carrega em seu ventre seu filho 9 meses sem intervalos de abortá-lo, assim também não podemos impedir a Vida de interromper a concepção daquilo que fecundamos nela à força. A Vida é indomável feito o desejo de uma criança...

(...)

Porque são tantos os amores possíveis e tão poucos os amores prováveis...

(...)

Phelipe Ribeiro Veiga
03 de Fevereiro de 2013 - 03:42




Um comentário:

Beatriz Adrien disse...

Phe amei o texto! Um dos melhores desses tempos *-* Gostei muito do que li,e acabei refletindo sobre os amores provaveis e os possiveis, mas de que adianta ter possibilidade se a gente ama mesmo o que não pode ter? O tangivel não nos atraí, passamos muito tempo de nossas vidas querendo o que já se foi, digo até que por vezes queremos o que poderia ter sido. Essa fantasia nos consome e acaba gerando frustrações e das reflexões que viram boas poesias.(Ainda bem que serve para algo mais além de nos fazer chorar/sofrer)

Belo texto Hurricane Boy

saudades da sua prosa

Sobre as meninas de bicicletas.

Hoje passaram por mim duas meninas em bicicletas sem rodinhas. Me transporto instantaneamente àquele dia em que, pela primeira vez, eu, com ...