segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

...fragmento...





... e então por vezes eu até acredito nisso. Mas daí eu saio pelo Centro da cidade pela hora do almoço e contemplo toda aquela gente engravatada, todos na beca em suas poses de homens e mulheres de negócios e fico imaginando: Com quem acordaram hoje? De quem sentem saudades vez ou outra? Quem eles perderam? Contra quem eles pecaram? E concluo que é humano ser frágil. Fico imaginando aquela secretaria carrancuda e mal amada, quem faz o coração dela disparar? Aquele chefe assexuado e enfadonho, quem o faz suspirar? Aquela mulher bem casada e dedicada, quem desvia os olhos dela? Aquele piadista da galera, qual o nome que ele pensa sempre antes de dormir e que rouba sua alegria? E então, acaso até a presidente um dia não recebeu flores? Quem de nós nunca acariciou um rosto com o cuidado de quem afaga a chama da uma vela pra não se queimar? Quem de nós nunca cortejou com olhares sufocados uma silhueta qualquer? E concluo coisa nenhuma. A Vida de novo é inconclusiva...


Phelipe Ribeiro Veiga
02 de Dezembro de 2013 - 23:11


"Porque afinal cada começo
é só continuação
e o livro dos eventos
está sempre aberto no meio."
Wislawa Szymborska

Um comentário:

Fruto que vem da terra seca disse...

Gosto tanto de te ler poetinha... Seus versos me trazem algo gostoso de sentir.
Quem é que sabe como são os humanos quando se fecham em seus castelos isolados dos olhos alheios?
Adorei o texto! Queria ler mais...

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