As vezes ainda me lembro do cheiro que tinha a casa de minha avó, cheia de bibelôs onde eu não podia, mas insistia em correr pra alcançar o pote de biscoitos maisena que eram repostos para minha chegada. A casa de minha avó tinha um cheiro específico, um misto de seu leite de rosas com alguma coisa mais e gosto de biscoito de maisena, e sempre que me lembro dela ainda sinto o cheiro e o gosto da época. Ainda lembro da sensação de me sentar no chão entre a cama e a televisão para espalhar brinquedos, assistir desenhos ou seja lá o que fosse. Havia a caminhada de todas as tardes pela Moreira César para a qual ela sempre se arrumava e se perfumava toda. Hoje quando penso nela queria me sentar ao seu lado e pedir desculpas por tanto desajeito infantil da criança que fui,
queria dizer das coisas que a idade que tinha jamais me deixaram transformar em palavras. Eu queria muito fazê-la rir, fazê-la rir muito, e acariciar seu coração tão partido, tão deixado, e depois deitar a cabeça no seu colo e sentir suas unhas sempre grandes passarem pelos meus cabelos. Saudades...
Phelipe Ribeiro
06 de março de 2015-11:35
"O passado não sabe seu lugar, vive se fazendo presente" Mario Quintana
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