De volta àquela casa anterior
sinto tudo mudado.
sinto tudo mudado.
Novos lugares, novos olhares.
O conhecido, desconhecido.
O de sempre, nunca mais.
Havia uma sensação de descarrilamento do que antes
parecia certo e concreto feito um destino.
Um descontrole que se dá por alternativa única.
A parede mais escura do fundo me lembra
dessa escuridão como rumo
que amedronta e excita
feito a própria vida.
Eu sento e olho ao redor as velhas coisas com ares novos e poeira antiga.
Será que fui eu quem mudei?
Andei tanto. Parei tanto. Corri tanto.
Na contagem de suspiros eu fui à Lua e voltei.
Paro.
Respiro compassado num corpo que ainda habita,
parcialmente, um tempo passado.
Encaro os quadros e a ousadia deles
de permanecerem os mesmos, no mesmo lugar.
de permanecerem os mesmos, no mesmo lugar.
O da esquerda marcando a parede amarelada.
O do meio descascando a ponta superior esquerda.
O da direita ainda torto como estava quando eu parti.
O do meio descascando a ponta superior esquerda.
O da direita ainda torto como estava quando eu parti.
Os quadros me lembram do que resta intocável:
Nem tudo muda.
Talvez nem dentro de mim.
Phelipe Ribeiro Veiga
2 de maio de 2022, 01h57
"Mudaram as estações. Nada mudou. Mas alguma coisa aconteceu. Tá tudo assim tão diferente." Renato Russo.
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