sábado, 30 de abril de 2011

Sphingo




É desse vai-e-vem langoroso que se faz o castelo no qual temos habitado. É com o arquear contínuo e diário do medo diante do desejo inflamável pela reciprocidade que é quase sonho é que construímos a cama na qual nos amaremos nessa noite. Assim vejo-te descendo do céu sob mandato divino, cumprindo o caminho, questionando um mundo desacostumado com o questionar, vejo-te alado, olhando-me enigma, consumo-me.E retorno a cena fora dos olhos teus para lá novamente me esgueirar, assim sendo, somos, e é desse calar de boca pra beijar, desse fechar de olhos para enxergar que haveremos de alimentar a chama que consome as horas quando estamos nos nossos braços, amantes, enquanto arde fogueira o relógio na parede. É disso que falo quando calo, é isso que vejo quando fecho os olhos, é sobre isso que sonho do momento em que acordo até quando volto a dormir, e tudo não passa de um grande esforço pra que, diante de teus olhos de Esfinge nada seja decifrado pela simples esperança de um dia, com sorte, ver-me devorado.

Phelipe Ribeiro Veiga
30 de Abril de 2011 - 19:16

2 comentários:

Frente Verso Copiadora disse...

Ai ai, que frisson hein! O amor é algo alucinante e poderoso.

Frente Verso Copiadora disse...
Este comentário foi removido pelo autor.

(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...