Hoje o Rio amanheceu sem graça. E sem graça e contrariada foi dormir a Morte ontem. Que papelão foi esse, se prestar a roubar de nós nosso Chico! Pois é, é levado o nosso levado Chico.
O que há com Deus?! Pouco a pouco colhe-nos todas as rosas, e ficam só essas barbas de velho sufocantes, essas daninhas trepadeiras imortais ou muito duradouras adaptadas ao sol de Brasília, e o mundo vai ficando mais e mais é feio!
Há tão pouco de belo entre os homens, pois o homem esqueceu-se da Natureza, onde tudo tem graça e é belo, e hoje nada mais é mais que o homem tão feio.
Poucos são os que entendem o sentido da vida, que é, a meu ver e dos poetas e artistas e todos esses loucos aí, entreter... Fazendo arte a gente distrai a morte, cativa-a de algum jeito, e ela se condói, e vai nos deixando ficar um pouco mais, curiosa a respeito do nosso próximo feito. Feito Sherazade e mil e uma noites de contos sem final, feito Sísifo prendendo a morte pelo pé da curiosidade, a gente entretém e enrola a vida, e se diverte!
Mas a cada dia isso vai ficando mesmo é fora de moda. O homem se entregou a feiura prática de ser homem, e esqueceu-se de seu passado Natural, belo, selvagem, coerente e real. Hoje em dia tudo é falso, hoje em dia tudo é farsa e contrução. Erguemos desejos e amores como engenheiros, com plantas, planilhas de custo, budget e margem de lucro. Que feio!
E assim Chico se vai. Menos uma flor, menos um sorriso. Menos um humano inteligente no mundo. Pois sabia sentir e pensar, e os homens feios ou fazem uma coisa ou outra, e assim tudo vai é pro buraco. Chico fez piada das nossas "coisas sérias de homens sérios", Chico rasgou nosso papel ridículo, dinheiro, fazendo fortuna com a zombaria de tudo que os feios acham tão grave. Chico se foi, e parte do que deveriamos ser foi junto com ele. Quantos Chicos nos restam? Que será de nós?! Damos vida, tempo, carne e sangue "e o salário ó"... continua a morte! Que pena!
Paz!
Phelipe Ribeiro Veiga
24 de Março de 2012 - 12:38
"Vou morrer no Projac, depois de um diretor dizer: "Corta. Valeu, Chico". Eu direi: "Que bom que valeu" e morro em seguida. Será bonito." Chico Anysio - (12/04/31 - 23/03/12)