quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

A janela, a paisagem.
Haja nela a paz que age.

Hoje olha pelas mesmas janelas depois de dinamitada a paisagem.
Vê, decorada, flores na memória, quadros nas paredes dos fatos.

Lembra: Explodiu o quarto e o quarteirão. Inteiros, ficou tudo pela metade.
Sobrou pedra sobre pedra, 
e flor, 
e quadro, 
e memória, 
e parede, 
e quarto e quarteirão. 
Havia sobrado, 
havia paisagem.

Faltou explodir a outra parte. 
Faltou afogar as flores na sequidão, 
faltou guardar os quadros. 
Mais suspensos, 
suspeitos.
Faltou parede pros quadros.
Faltou desfiar as horas.
Faltou tecer orações
subordinadas, 
e quem sabe fechar a cortina ao menos. 

Faltou explodir a parte de dentro da janela.
A via nela, há paisagem
indestrutível. 


Phelipe R. Veiga
18 de fevereiro de 2016 - 12h41

"Voltar quase sempre é partir para um outro lugar." 
(Paulinho da Viola)


(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...