domingo, 6 de dezembro de 2009

Desaguar – 06 de Dezembro de 2009 – 22:01



Eis que a vida não é nada

É apenas uma ciranda que segue a entreter os desocupados

Eis que a vida é uma divina mancada

Que faz de todos os homens igualmente culpados

Eis que o dia segue cinzento

E em cada esquina buscamos razão de viver

Eis que nos falta paz e alento

E resignosamente seguimos tentando ainda crer

Eis que o que há de bom se dilui no mal do mundo

E o que temos se perde no que perdido está

Eis que a bondade é a vaidade de corações vagabundos

E o paraíso que se espera, acreditem, jamais sequer existirá.

Eis que a vida é um ponto final entre o sujeito e o predicado

Uma frase interrompida sem sucesso na emissão da mensagem

Eis que “a vida é” mesmo “um adeus demorado

Eis que minha vida é uma tempestade de muito esperada estiagem.

Não há nada

Nada…

Nada é o mar onde o rio de todas as coisas deságua…

E é pra lá que seguimos todos…

E pra quê nadar contra a correntêsa?

Eu vou tão somente boiar

Contemplar os tons do céu

As aves a voar

Os relâmpagos e raios…

Sentir a chuva

Estar vivo é estar na chuva

Até que eu desague no mar dos esquecidos

Talvez lá haja paz…


Talvez…


[PH]elipe R. Veiga

"Morrer é dormir, sonhar talvez." - W.Shakespeare

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