domingo, 24 de fevereiro de 2013

Sobre a bondade da Vida.




A Vida tem sido uma guerra, todavia me valho da delícia de não ser exército de um homem só. Cada "bom dia", cada sorriso dos meus contemporâneos, rimas e versos dos que me antecederam, cada gota de suor dos meus antepassados me impulsiona adiante. Há aqueles amigos que nem mesmo sabem que existo, como uma pessoa completamente desconhecida que às vezes beijando sua amada num banco de praça pinta um sorriso no meu rosto que me leva a horas de sabores doces, e aos poucos passeio pelos dias com a integridade incompleta, com falta de muitas coisas, mas até hoje, jamais necessitado de motivos pra seguir em frente. 

A Vida tem sido boa comigo, pra cada tapa ou mordida, aquece-me com uma centena de beijos. A Vida tem me dado amores de qualidade, que não me movem somente, que também me comovem. Amores que me transformam com a sutileza e o cuidado que o vento tem ao transportar as montanhas de lugar, que me inundam com a força e o carinho das ondas. 

A Vida tem sido boa comigo, e por tudo que fui, sou e serei, e por todos que são e sempre serão em mim e ao meu redor, é bom estar aqui e fazer parte. E eu amo Você!

Phelipe Ribeiro Veiga 
24 de Fevereiro de 2013 - 20:04


"Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão; poderá morrer de saudades, mas não estará só." Amir Klink

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Sobre Astro-Lábios (Um texto antigo).


Aboli de mim o relógio de metal com seus ponteiros de aço frio e indiferentes. Aderi ao relógio de carne que me deu a Vida, que acelera os segundos ou desacelera-o, e pára quando eu me for. Navega meu coração neste oceano de dias desconhecidos, consulta teu "astro-lábio" e guia-te sob o conselho amoroso das estrelas. Com sorte has de aportar numa terra virgem, de gente de verdade, darás a ela teu nome, chamar-lhe-a tua morada, tua casa, seu lar.

Phelipe Ribeiro Veiga
8 de Novembro de 2012 - 9:39

Um texto antigo às vezes faz sentido. Um texto não se recicla tanto quanto um sentimento não se "re-sente", mas as mesmas palavras repetidas em um tempo novo dizem coisas totalmente novas.

"Mesmo no que se repete
permanece alguma novidade:
A Vida, em sua plenitude sexual,
ainda conserva a virgindade."

Marla de Queiroz

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Sobre uma oração a Drummond. (Uma quase ficção).



"Sento-me aqui junto de ti poeta, para, mediante sua escultura sempre paciente, sempre imóvel (irredutível eu diria), diante do mar, rememorar a mim mesmo das coisas que são eternas. Venho a ti, poeta, para chorar e sofrer dos meus medos perecíveis que carrego. Tão perecíveis quanto a juventude que arde e me onera com esses efeitos colaterais do que é o excesso de disposição e desconhecimento que trago no peito. 

O Amanhã escancara a mandíbula e ainda não sei se se debruça em minha direção para beijar-me ou morder-me, ou ambos... Não sei ler os olhares dos olhos fechados do futuro. Só sei que temo. Os dias vão erodindo os próprios dias, e abrindo fendas na minha pele e nas distâncias que tão cuidadosamente tenho cultivado daqueles que amo. 

Não tenho mais de cem anos feito tu, poeta, não compreendo os amores não retribuídos de João e Teresa e Raimundo e Maria ou Joaquim, não sei lidar com as pedras que encontro no caminho, e talvez aprenda um dia, mas ainda não faço rimas com elas.  

E aí o que venho pedir afinal? O que me faz orar a um poeta (jamais) morto? 

A outra face do desconhecimento dos dias - a surpresa.

À luz de uma boa vontade, ao som do mar (mesmo longe do mar), que eu encontre rimas novas, textos que me gerem estupor e dias que me tragam sorrisos. Quem sabe o que o Amanhã, mesmo agressivo e vindo para o embate, sentirá ao ver-me sorrir para ele com tanta alegria e boa vontade? Poeta, me ajude a alegrar a tristeza e comover a violência e encontrar o amor e a não morrer de saudades. 

Com amor e um doce "Amém". "

E.M.

Phelipe Ribeiro Veiga
09 de Fevereiro de 2013 - 17:03

Baseado em fatos reais, sobre um menino que orava a Drummond e soube encontrar despretensiosamente com o poeta em três diferentes cidades. 



"Se eu gosto de poesia? Gosto de gente, bichos, plantas, lugares, chocolate, vinho, papos amenos, amizade, amor. Acho que a poesia está contida nisso tudo." - C. Drummond


sábado, 2 de fevereiro de 2013

Sobre uma reflexão em três tempos.



Celebro a minha ignorância quanto ao ser humano. Pois o desconhecido justifica a continuidade dos dias, move o meu relógio. Como pode sermos tão feios e tão bonitos de perto? Somos feito uma camiseta, que quando vista de muito perto revela-se o encontro cuidadoso de vários fios tecidos carinhosamente pelos nossos dias de antes e de depois de nós, vindos de várias direções, de uma beleza e complexidade que superam em muito a estampa que qualquer um de nós possa valorizar e adorar. Não, eu não sei quem sou, nem quem você é! Quando conheço alguém sento-me cuidadosamente numa praia e começo a contar os grãos de areia sob a ventania forte do Tempo. Quando acabado a contagem terei conhecido inteiramente alguém, o que jamais acontecerá... 

(...)

E aí a gente estupra as possibilidades afim de dar viabilidade aos nossos desejos, tentando fecundar tais possibilidades violentamente, tentando fazer um sonho nascer realidade. O fato é que feito um homem que não pode impedir uma mulher, que carrega em seu ventre seu filho 9 meses sem intervalos de abortá-lo, assim também não podemos impedir a Vida de interromper a concepção daquilo que fecundamos nela à força. A Vida é indomável feito o desejo de uma criança...

(...)

Porque são tantos os amores possíveis e tão poucos os amores prováveis...

(...)

Phelipe Ribeiro Veiga
03 de Fevereiro de 2013 - 03:42




(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...