domingo, 30 de novembro de 2008

Da Chuva que Veio Contigo - 30 de Novembro de 2008 - 14:45



Viestes a mim como a chuva que não é esperada, que por meteorologista algum é anunciada
e devo adimitir que pouco antes de sua chegada eu até avistei umas nuvens no horizonte
estava planejanto praia pro dia seguinte, viagem e muita curtição... mas sua chegada mudou meus planos todos

E foi de repente que o sol foi escondido por sua presença, o céu foi tomado por você
Naquele dia meu céu era você...
E eu levei guarda chuvas, capa e me preparei pois já ventava forte
mas os ventos não te moviam...

Foi quando a primeira gota atingiu o polegar da minha mão esquerda
e num reflexo mais que espontâneo, eu puxei o guarda chuva e o abri
e as gotas caiam preguiçosas, escurecendo o cimento e escorrendo pelas folhas das árvores

E ali onde eu estava eu parei, e fui invadido por uma inveja que só sou capaz de adimitir aqui nestas letras para as quais eu não tenho segredos...
E por esta inveja daquele mundo molhado por ti é que eu fechei o guarda chuvas, tirei a capa e deixei você escorrer por sobre mim
Tomando posse de cada parte de mim, descendo pelos meus cabelos, rosto, boca, pescoço, peito, barriga, coxas, pernas, pés... sombra...
E eu e você mesclados naquele momento, molhados... 

Até que você se foi, e meu mundo continuou nublado
por essas nuvens leves, que não vão embora nem desabam sobre nós
apenas impedem a luz de me alcançar, o sol de me secar...
e agora, o que resta de você em mim só me causa uma coisa...

Frio...

[PH]elipe R. Veiga

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

As Luzes do Rio de Janeiro - 24 de Novembro de 2008 - 10:39



As luzes do Rio de Janeiro
não me inundam como o céu estrelado
mas como um lampião de um brejeiro
por muitas vezes multiplicado


As luzes dessa grande cidade
não me parecem tão iluminadas
é como um vã claridade
que escorre pelos degraus da escada


As luzes do Rio
não me impresionam tanto assim
Elas tem esse tom cálido e frio
brilham como que velas perto do fim


As luzes do Rio de Janeiro
não me inundam como seu estrelato
não passam de um tolo gracejo
diante desses olhos dos quais não escapo


Porque as luzes do Rio se apagam
vim descobrir nesta poesia
Toda vez que meus olhos te olhavam
minha noite tornava-se em dia


Com esse brilho não há como competir
Nem as luzes do Rio
ou qualquer outra luz daqui


Teu olhar me faz ver tanto
que não consigo enxergar
e convivo com este espanto
sem nunca parar de te olhar


[PH]elipe R. Veiga
É bom poder dedicar essa poesia a... ninguém =)
Provando que um amor sem endereço ainda serve ao coração como adereço!

domingo, 16 de novembro de 2008

Uma Reflexão Sobre o Asfalto Molhado - 17 de Novembro de 2008 - 1:27


Foto: A Lenda de Narcíso

Hoje era uma manhã chuvosa, e como de costume, eu caminhava flutuante em direção ao ponto de todos os dias, olhando pro chão sem ver muita coisa. Porém uma imagem invadiu meus olhos e inundou minha mente feito uma enxurrada, me hipnotizou o asfalto molhado... aquele espelho negro reluzia uma imagem obscura de tudo que, aceso de cores, movimentava-se sobre ele. Vi a mim, disforme, obscuro, escuro, frio e duro, escorrendo chuva, tal qual este negro espelho. E como que desbravando o lado desconhecido da lua, encarei-me a mim mesmo ali...

Nesse momento veio-me a boca um amargor, daquele tipo que nós só saboreamos ao fim de cada amor. E olhei minhas mãos, e já não eram tão minhas, mãos tão sujas não seriam minhas jamais. 

Meu coração sempre tão poético, soou-me tão imundo, dissonante, sem rima alguma, podrificado, petrificado, não, ele já não podia mais ser meu. Não cabia em mim, então fiz dele em minha observação um coração qualquer, e continuei olhando...

Breve meus verdes olhos que tanto gosto sangraram com as lágrimas que fiz rolar em rostos de outros, e eram rios, e aqueles rios corriam com toda a culpa que ecoa da minha não intencionalidade, das minhas palavras brandas que tentam tão desesperadamente falar sem magoar mas jamais mentir, esconder, honesto ser eu tento... porém... corria o rio, então fingi não serem meus tais olhos vermelhos...

Minha boca que tenta falar macio sempre que possivel, e expressar em grandes palavras pequenos sentimentos, na tentativa de expor a grandeza que estes tem para mim sorria e gargalhava, e berrava os pensamentos escusos e obscuros que irreemdiávelmente nego a ela a oportunidade de verbalizar, uma sinceridade sem profundidade, sem rimas, sem adereços estéticos, era simplesmente o que eu sentia e não me permitia, aqueles pensamentinhos que nos ocorrem em micro-segundos e somem sem sabermos de onde vieram ou pra onde foram, e assim, eu fingi não pertencer a mim toda aquela superficialidade e imundicie...

Então ao fim, o que sobra de mim? No fim entendo que somos apenas animais guiados por instintos e significados simulados, tendenciosamente direcionados para uma satisfação muitas vezes hipócrita, um romantismo ficcional feito por nossa mente demente para um entretenimento sempre egoísta...

Animais que aprenderam a falar, e simultâneamente, mentir, pros outros e pra si...

Vi que o lado desconhecido da lua talvez não deva jamais ser conhecido...

Mas não se preocupe, isso me ocorreu assim, por uns micro-segundos, e se foi tão rápido quanto apareceu, levantei a cabeça, olhei o céu, e voltei a ignorar isso tudo...

[PH]elipe R. Veiga

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Esquecidos - 10 de Novembro de 2008 - 11:25


Relógios "tictaqueando" na minha cabeça
seguem seguindo ao contrário
impedindo que eu me ensoberbeça
mostrando-me que para eles não há quem seja páreo

Ao tempo não há montanha que resista
não há mar que não seque
não há vida que insista
ou sentimento que não peque.


Diante do tempo não há eterno
tudo é efêmero em essência
nada é para sempre terno
ao fim, tudo é vã experiência

A lembrança se perde
e o ouro se corrói
a maior estrutura cede
e ao mais forte dos homens destrói

Porque a maior morte que se pode sofrer
é a de ser esquecido
e isto é a tudo perder
é ser sem jamais ter sido

Por isso em tua mente incauta quero me refugiar
em algum canto quietinho me esconder
ficar perto do que é bom pra você me associar
e assim jamais de mim se esquecer

Até que da morte, se esqueçam de ti
e de mim já terão se esquecido
Perde-se o peso disso aqui
se por ti eu ainda for querido

Mesmo em eterno sono, quero contigo sonhar
e nos teus sonhos eternos quero viver
esquecidos, juntos vamos estar
sem um do outro jamais se esquecer.

[PH]elipe R. Veiga

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Os Ponteiros da Cura - 04 de Novembro de 2008 - 17:31


O que tinha a ser dito foi dito



e o que havia de haver h... ouv...iu






E agora... jaz... em paz...






E o que tenho a dizer



é muito simples, vou falar



há uma leveza em meu ser



que preciso é expressar.






Ontem eu mudei de rumo,



de roupa, e de cabelo.



As coisas sempre entram no prumo



ignorando todo nosso desespero...






só precisamos é sentar na praça



ou ir quem sabe molhar os pés no mar



assistir a grama crescer



e deixar o tempo passar






Ao máximo se distrair



deixar a brisa soprar



andar sem ter aonde ir



ou mesmo hora pra voltar






E quando se vê você está diferente



você se transformou



E ainda que você muito tente



nem sabe dizer como isso sequer começou






de uma hora pra outra a hora passou



e tudo que nos atormentava



a brisa leve levou...






O tempo é amargo ao se arrastar



e as vezes parece um carrasco terrível



Mas nada no mundo pode tanta coisa mudar



de forma tão imperceptível






A sutileza do tempo me comove



comparando-se apenas com a sutileza do amor (Gandhi)



E até que o contrário se prove



ele cura toda e qualquer tipo de dor...






Até a que você me causou...






[PH]elipe R. Veiga

sábado, 1 de novembro de 2008

Ex-Periência - 01 de Novembro de 2008 - 14:51




Minha cunhada é a garrafa
e a da minha irmã uma poesia
Ao dissertar bêbada ela estava
e eu tropeçava nos sulcos da alegria

Aos casais das praças amaldiçoamos
rindo-se de nossas amarguras
E até os arcos nós caminhamos
ignorando toda e qualquer semeadura

Na noite terremotos nos acometeram
e o chão estava fora do lugar
Criaturas sinistras apareceram
e os postes tentavam nos derrubar

Uma escada estranha nos apareceu
e nós subimos pra escapar da multidão
Até agora não sei aonde ela deu
só me lembro de um anel perdido no chão...

Sair de lá não foi nada fácil
Porque a escada de nós escapava
e o corrimão era bem mais agil
tinha horas que nem sabia aonde estava

A barca veio das nuvens do alto
e as águas giravam em torno de nós
Houve então sobresalto
de repente estavamos nela a sós

Ao chegar em casa a cama estava a me esperar
ela me esperou até amanhecer
Hoje quando acordei não pude então evitar
sobre toda esse acontecido escrever

[...]

[PH]elipe R. Veiga
PS: Dedicado a todos que me fizeram companhia numa noite onde fizemos muita arte!! =P
PS2: Antes que perguntem, isso é fruto de liberdade poética e não de drogadição... rsrs

(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...