quarta-feira, 20 de março de 2013

Sobre o ódio.




O ódio de todos é meu também. Fecunda de tragédia a minha paisagem.

É quando a alma que encontra o seu lugar no amar a outro ser, que amando faz a cama, faz seu lar, alma que foi feita para amar se descumpre, se encurta, não faz nada, e é aí que ela odeia tudo o que vê. Ela odeia a futilidade que é ser assim espelhada nos olhos de outras almas que ela não pode amar. A alma que só encontra motivo pra desencontro, é porque desencontrou-se de seu eixo, de seu lugar de orbitar. Distanciou-se do centro de si, esfriou-se. A Vida nela perece. A alma que odeia está só até de si, pois não sendo o que é, não se é coisa nenhuma. É feito o botão de rosa que jamais se abriu, a rosa que jamais foi rosa.

O ódio é o ócio da alma.

Phelipe Ribeiro Veiga 
20 de Março de 2013 - 18:37






terça-feira, 12 de março de 2013

Sobre verdades, meu amor!



Parece mentira! 
Como pode tanta verdade?!
Meu amor, é porque é mesmo verdade o que te disse atravessando aquela rua. De fato todas as saudades que tive antes de ti era de você que eu tinha saudade.

Porque o meu amor achou seu habitat natural no seu olhar, e no seu abraço e no seu "eu também!". Meu amor, é verdade o que te disse naquele dia que contigo tudo mudou, e que você é meu recomeço sem precisar retroceder. 

Meu amor, é que é verdade que eu acho no seu abraço a dimensão de um mundo, porque quando você me abraça encontro entre seus polegares abertos paisagens sem fim. Fico ali sem enquanto. 

Sabe, é que é mesmo verdade meu amor, que quando me despejo em declarações e palavras em qualquer canto de mundo, é um remexer no meu baú vocabulário atrás de um modo de descrever o que sinto por você. 

Sabe o que é meu amor? É que meus olhos fecundam os seus e quando a gente fecha os olhos a realidade se dilata e dá a luz a um mundo só nosso, nosso lugar secreto dentro do nosso abraço, só nosso.

É, eu sei, é bem clichê e até meio brega, de verdade. Mas é verdade meu amor. É verdade que eu, que mudo feito luas, me encho feito marés, e sou um insatisfeito nato, jamais contei encontrar na Vida tanta felicidade num sorriso só. Porque sempre que te vejo sorrir, eu te amo de novo, novamente, pela primeira vez. 

É... parece mentira... mas é verdade.

Meu amor...

Phelipe Ribeiro Veiga
12 de Março de 2013 - 22:39


E se eu pareço um vagabundo é que o amor maior do
Mundo mora aqui no peito meu
E se eu sofro assim por ela é que aprendi 

Que a vida é ela e que o amor dela sou eu ( Vinícius de Moraes)

sexta-feira, 8 de março de 2013

Uma Reflexão sobre os "filhos de deus".



Tive por anos uma vivência cristã forte, e após alguns anos, não por decepções, apostatamento ou revolta, tornei-me agnóstico, encontrando neste posicionamento paz e uma felicidade mais produtiva. Todavia tudo que aprendi permanece de imenso valor, e baseio-me nesta vivência pra essa reflexão:

Havia um verso que me alfinetava pela poética na bíblia, que dizia que a criação tinha uma ardente expectativa pela manifestação dos filhos de deus, e que por essa expectativa gemia com dores de parto (Romanos 8; 19). 

Daí eu abro as notícias pelos últimos anos que por aqui estou e me deparo com os proclamados filhos do Divino. - Veja bem, longe de mim destituí-los, não caberia a mim - Mas me pergunto se o que eles chamam Deus os tomaria por filhos - Haja vista que eu jamais tomaria o que eles assim chamam, Deus.

Nós homens ainda estamos na primeira infância de qualquer forma realmente sustentável de civilização. Nos precipitamos sobre nós mesmos em prol de algum espaço, em meio a tantas leis e regras, para exercermos nosso prazer de forma legítima sem pôr a perder a própria civilização. Restringimos aos outros e a nós mesmos, como se a felicidade que eu não alcanço fosse proibida a qualquer um. 

Penso em Jesus, o profeta, o messias, o homem ou seja lá o que for. Ele viveu a fim de cumprir com profecias recitadas durante mais de 2 mil anos antes de ele por aqui pisar. A Palestina encontrava-se sob domínio romano, e muitos esperavam um messias que empunhasse espadas e libertasse o povo judeu (e desses havia muitos - e muitos os seguiram), o que de fato quanto a Jesus não aconteceu. Ele mandou que dessem a César o que era de direito. E hoje se embrenham os que se dizem seguidores de suas palavras em homéricas batalhas, afim de implantar o Reino de (seu) deus na terra a força.

Fico pensando que a bíblia diz que o Reino de Deus é paz, justiça e alegria (Romanos 14:17), e na estratégia que seus seguidores tem usado pra propagar esse reino, e na eficácia dela. A mesma bíblia diz que pelos frutos conheceríamos as árvores (Mateus 7:16), e os frutos desse filhos de deus e de seu deus expressam mais do que intenções, identidades. Afinal, o que querem? 

E a criação ainda geme... e continuará a gemer, porque os filhos de deus ainda estão pra nascer. Até lá boa sorte para nós!

Phelipe Ribeiro Veiga
08 de Março de 2013 - 21:56

"O que aí está a apodrecer a Vida, quando muito é estrume para o Futuro!" - Fernando Pessoa

sexta-feira, 1 de março de 2013

Sobre uma Paisagem.





Os montes eriçados, tenros precipitam-se uns sobre os outros para contemplar o luar riscando o mar com a curiosidade das vizinhas velhas de antigamente, os céus fazem cafuné na copa dos montes com nuvens gordas e brancas feito a mãe que assiste seus filhos ganharem centímetros de altura a cada ano, e o sol estica-se sobre a mesa do horizonte como o amante ansioso pelo encontro com os olhos amados dos quais por algum motivo, precisou dormir afastado. Assim nasce o dia, resplandecente, misturando tons de azuis celestes e marítimos, trocando o prateado luar pelo dourado solar.

 Aqui é o lugar onde o sol mais se demora, onde ele não quer ir embora. Aqui é o lugar onde o mar quer abraçar a terra e insiste, insiste e não desiste. A Vida se dá em um ritmo batucado e ininterrupto. A Vida se agarra nas encostas, nas frestas, e preenche cada espaço que pode, apaixonada. Aqui é o lugar onde a saudade embala tudo, e o encontro se dá pra todos. Aqui é o lugar onde meu amor caminha pelas ruas e pelas veias da terra. Aqui é onde um povo criança dorme de dia ou de noite ninados pelo barulho das ondas. Aqui é casa pra quem quiser chegar.

Essa cidade não brotou da terra, foi plantada a beira do mar, e pelo mar é ajardinada, regada e floresce e frutifica em música, som, beleza, saudades e paixões.  

O Rio irriga a terra, vermelha e abrasada, brasileira, e multiplica a Vida ao redor. O Rio é nascente, margens, leito, corredeira, afluente e foz pros nossos coração. O Rio é lar.

Phelipe Ribeiro Veiga.
01 de Março de 2013 - 13:06


"Ó bem-amada 
Rio! como mulher petrificada 
Em nádegas e seios e joelhos 
De rocha milenar, e verdejante 
Púbis e axilas e os cabelos soltos 
De clorofila fresca e perfumada! 
Eu te amo, mulher adormecida 
Junto ao mar! eu te amo em tua absoluta 
Nudez ao sol e placidez ao luar."
(Vinícius de Moraes)

(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...