domingo, 18 de agosto de 2013

Sobre o Escritor.




Todo escritor carrega um senso exacerbado de valor de si próprio. Afinal porque mais haveria motivos para guardar seus sentimentos e ideais em detrimento a todas as outras ideais e sentimentos? O papel é o espelho de vaidades do coração e da alma de quem escreve. Ali ele se lê, se vê, se adula, se alisa. O escritor vaza pras páginas porque não cabe em si. Se julga grande demais para se guardar só para si mesmo. O escritor quer ser lido, ele não quer passar. O escritor quer enganar o tempo e a morte. O escritor é um completo maluco.


Phelipe Ribeiro Veiga
18 de agosto de 2013 - 22:57

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Sobre o desejo.



O desejo partiu dos meus pés, subcutâneo, se embrenhou pelas minhas veias, subiu pelas minhas pernas, enrijeceu e tensionou meus músculos, ele não achou saída. O desejo embolou na garganta e forjou palavras rudes. Plantou espinhos nas minhas rosas e também nas minhas margaridas e até no que nem dava flores. Ele espinhou meu jardim inteiro, se estendeu, fez florestas de espinhos rígidos, duros, impiedosos, e de quebra me trouxe espinhas no rosto e nas costas. O desejo deixou seco os meus cabelos e torceu meus lábios. O desejo não achou saída. Disparou meu coração, comprimiu meu peito, acelerou meus pensamentos e fez de meus olhos bichos em fuga. O desejo arranhou meus sentimentos e os sentimentos dos outros. O desejo forçou portas e janelas, mas não achou saída. O desejo fez barulhos quando já era tarde da noite e acordou alguns dos meus pensamentos mais adormecidos. O desejo era uma mulher de meia idade ainda virgem e de mãos dormentes, era um adolescente em plenas erupções hormonais. O desejo era atropelamento, furo de sinais, expurgo, expansão, ereção, exaltação, exasperação, suspiro, imaginação, procura, afobação. O desejo era um precipício me convidando pra saltar, e por vezes ameaçando me empurrar. O desejo sangrou essas páginas e ninguém sabe até onde isso irá... O desejo não cessa, não cessará jamais. 

Phelipe Ribeiro Veiga
13 de Agosto de 2013 - 20:51

"O que será que será que está dentro da gente e que não devia, que desacata a gente, que é revelia?" - Chico Buarque.

sábado, 3 de agosto de 2013

Sobre (Sem Título).

Caminho investigativo, olhando as coisas nos olhos, atento ao formato das sombras, questionando a verdade, a impressão das coisas. Caminho lento, sentindo o vento, sentindo o gosto da saliva, sentindo os relevos do caminho que faço. Caminho atento a tudo, por dentro, por fora, pelo encontro do dentro com o fora, inutilmente atento. As coisas, essencialmente são nada.

Phelipe R Veiga

02 de agosto de 2013

"Eu sou, eu fui, eu vou"- Raul Seixas

(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...