domingo, 26 de outubro de 2008

Inignorável Ausência - 27 de Outubro de 2008 - 01:01




Hoje eu fui abatido
E a nostalgia me pegou tal qual aquelas gripes pesadas
que não nos deixam andar, pensar, ou dar sequer um gemido
Quando só queremos ficar deitados contando as horas passadas

E um silêncio encheu minha boca inundando-a de palavras não ditas
e de toda aquela culpa pelas palavras mal ditas,
Toda aquela sentimentalidade tardiamente concebida
que tenho mantido em algum canto de minha mente escondida

E uma indiferença das cores que estavam ali
e do pôr do sol que nunca esteve tão monótono
e das dores que carrego aqui
De todasas coisas que com o tempo desbotam

Havia também uma ausência de querer
onde isoladamente só havia o querer você
um sentimento que tento muito reverter
mas que inignoravelmente insiste em me acometer.

E é tudo parte da dinâmica de uma hipócrita liberdade
onde diz-se estar livre até morrer
Mas tem-se cativo toda atividade
que não passa sem sua ausência perceber

Hoje foi um dia silencioso
onde ignorei até o som das ondas do mar
mas somente um sentimento em mim sedicioso
é que não foi possível se ignorar...

Senti sua falta...

[...]

[PH]elipe R. Veiga
PS: Talvez se não fossem as palavras não ditas e as palavras mal ditas... teria sido hoje... Um ano... [...]
Mas quem poderá dizer?!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Nada à Dores (Nada Querida, Nada.)- 20 de Outubro de 2008 - 23:45




Nada querida, nada,
nada nesse mar seus segredos contará.
Nada menina, nada,
nada neste mar irá se conquistar.

Nem suas seduções rasas
ou suas deduções raras.
Nem sua profundidade de sentimentos
ou sua superficialidade de pensamentos.

Nada bela dona, nua,
neste mar que te abrasa mas não te abraça.
Pensas que tens a Terra como tua,
mas nada neste mar de vida escassa.

Nada senhorita, inundada,
te dará os mares de mim por possessão.
Portanto saias enquanto não maculada
e larga este resignado coração.

Porque de ti quero os lábios
para um certo beijo imaginar,
porém não quero de seus olhos
ver uma gota sequer sangrar.

Então te aviso de antemão!
Nada, minha dama neste amargor
te permite esse coração
que pra outra entregou seu amor.

A você reservada está a desilusão,
e uma ressaca sem sal,
ondas de empolgação
e o afogamento fatal.

Então...nada querida...
Nada neste nado amador.
Nada pela tua vida
e vai-te com outro viver teu amor...

[PH]elipe R. Veiga

domingo, 19 de outubro de 2008

Domingos - 19 de Outubro de 2008 - 06:51


Esse dia silencioso me traz isso,
onde tudo é devagar sob um céu cinzento.
As camas cheias prometem mais que o paraíso,
e nas ruas tudo corre preguiçoso e lento

Por dentro só uma lacuna impreenchivel
na boca a saliva não consumida
nos olhos uma indiferença indescritível
e na mente uma dor ainda doída...

Esse dia silencioso é sempre assim
onde as pessoas parecem sumir
onde o vazio é sem fim
e onde em todo caminho não se sabe pra onde ir...

Por dentro é só saudosismo velado
e a rotina abraçada, abrasada, incomodada...
Por dentro é aquele sentimento renegado
e a sensação de noiva no altar abandonada...

Esse dia silencioso nunca diferente
domingos, domingos e domingos
tento sobreviver a ele de forma decente
Para amanha nos ís poder pôr os pingos

E por dentro a completa incompletude
a lacuna não preenchida
Essa sobra que me causa inquietude
tormentos da trilha escolhida, vivida, obtida...

Domingos...
Dia do almoço com casa cheia,
e da visita incômoda que quer lanche, jantar e ceia
Dia de santos, tantos santos...
tantos domingos são, e tantos São...
Dia da Igreja, do Senhor
Dia da família e pra quem não a tem, da dor


Domingos...pra mim...
Dia de meu tormento
onde me falta colo,
onde me falta alento
Ou talvez onde me falte talento
pra lidar com tamanha vagarosidade
dia da minha vaidade
dia de sentir a idade...

Domingo dia cinzento...
fazendo sol ou chuva...
esse diazinho deixa meu mundo lento...

[PH]elipe R. Veiga


sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Silêncio Primeiro - 17 de Outubro de 2008 - 15:53


Tem dias que me dou medo.
Naqueles dias que acordo temendo olhar pra dentro
pois lá me defronto com um mundo silenciado por mim
amarrado, celado, calado, mortificado...
e parece que algum dia isso ainda vai me levar a um fim...

Tem dias que quero te ligar
pra dizer-te da tua ingratidão
das minhas mágoas
e de como me feristes com teus atos
me ofendestes com teus desprezos
me aprisionastes com teus carinhos
e me condenastes a este amor sem saída

Fico assim em um poço me afogando em saudades e arrependimentos
queria explodir sobre você como uma represa
queria eu ter duas bocas, duas linguas, duas vozes...
pois com um só coração te amo e te odeio
e queria berrar isso aos teus ouvidos simultâneamente
e me atirar em teu seio...

E as vezes eu ligo...

Mas então eu me acalmo, me amorteço
controlo meu velho tremelicar de pernas que vem quando ouço sua voz
tão somente te ouço dizer "alô" como a um estranho
e me calo, e desligo... e em silêncio
me desligo...

É... tem dias que me dou medo...

[PH]elipe R. Veiga
Ao Davi e a Marla, os quais me trouxeram a importância do compartilhar, cada um a sua maneira.

(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...