quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A Falta que a Falta Faz


Há aquelas noites onde está tudo tão bem
onde tudo é tão completo
que a falta faz falta...

Mas que falta é essa?!
O que falta?

Falta...
viver mais?
construir mais?
dizer mais o que sinto?
ser feliz com o que tenho?
amar aos que já amo?
acionar meus planos com mais empenho?
O que? O que está faltando?

Vejamos...

Falta...
chorar mais
(porque chorar é poetizar em silêncio)
rir mais
(porque sorrir é rimar com a vida)
arriscar mais
(porque sem arriscar tudo não se consegue coisa nenhuma)
falta descobrir novas faltas
(porque é a falta que move a vida da gente)
falta tentar de novo
(porque até nossos sonhos merecem uma segunda chance)
falta aprender a me despedir do que se foi
(porque é limpando o jardim que se cultiva novas e melhores rosas)
falta aceitar que algumas coisas e pessoas não vão ou não querem mudar
(porque a cada um cabe a missão de fazer-se feliz da forma que bem entender)
falta compreender a alteridade das novidades
(porque à novidade falta conhecimento, e a falta é sempre motriz)

Achei tanta falta
estou mais vivo agora...
vou dormir e sonhar com a completude
como fazemos nós todas as noites...
Agora só falta eu dormir...



Phelipe Ribeiro Veiga
21 de Outubro de 2010 - 22:59

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"Boa noite e boa sorte"
Edward Murrows

"O que importa quantos amores você tem se nenhum deles te dá o universo?"
Jacques Lacan

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Já era... já somos!


Porque não me seguraram?!

Já era! Estou em queda livre pros seus braços.
Estou fadado a me afogar no seu beijo
e sonhar pra sempre deitado no teu regaço.

Já era! Eu to sonhando acordado de novo,
e sonhar acordado, sabemos, é loucura
Eu já nem mesmo grito socorro
Sou poeta aprendendo a rimar com a rasura.

To colhendo saudade futura
e vivendo a felicidade que virá
to prévivendo essa experiência dura
e implorando pra ela jamais acabar.

Que assombro!
Já era! Somos!
Seremos...

Phelipe Ribeiro Veiga
18 de Outubro de 2010 - 22:10

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Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir.

Chico Buarque



domingo, 17 de outubro de 2010

Carícia de Deus - 17 de Outubro de 2010 - 22:45


A morte se debruça sobre o muro
feito um pivete maroto
E contempla o quintal do mundo
e rouba-nos o fôlego como quem rouba uma manga de um fazendeiro
que já tem tantas, que nem se dá conta da perda.

Nós, feito mangas que somos,
ficamos pendurados à vontade do vento
crescentes ao acaso segundo a vontade das estações
que já não são tão pontuais assim.

A vida segue feito uma grande bobagem
somos uma travessura de Deus
e a morte?
Talvez a unica coisa que não seja acaso

Trata-se de um furto premeditado
pensado e muito arriscado
feito com desejo e esmero

Ao contrário do brotar de nossas vidas
acidental, indiscriminado...
Talvez a morte seja a unica carícia de Deus...

De tão carentes e sós que somos
Ele nos acaricia...
morremos...
de emoção.

Phelipe Ribeiro Veiga
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Será assim, amiga: um certo dia
Estando nós a contemplar o poente
Sentiremos no rosto, de repente,
O beijo leve de uma aragem fria.

Vinícius de Moraes

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Desjejum - 11 de outubro de 2010 - 17:18


Acordei com fome e já fui quebrando o jejum com seus olhos negros encarando os meus
seu rosto cansado, seu cabelo bagunçado.
Depois li uma poesia como café da manhã
e almocei a beleza de uma moça que passava na praia.
Fiz um lanche logo depois, no fim do calçadão
e percebi ao morder o pôr do sol como eu sou comilão.
Empanzinado de tanta beleza, eu venho aqui minha poesia exercitar
mas já sinto fome de novo e to com vontade de comer seu olhar...

Que beleza!
É de beleza que me alimento
E em meio a alegria e tristeza
Minha poesia eu sustento.
É a forma que encontro de não deixar minh'alma obesa
e de me fazer presente ainda depois,
já que pouco a pouco me ausento...

[PH]elipe Ribeiro Veiga
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Com o dia rolando assim lindo e calado
Com as notas musicais de um teclado
Em meio a cidade do oficio e do riso
De afeto e do lixo
Não acho difícil
A gente pescar - a beleza
A gente sacar - a beleza
A gente firmar - na beleza
A gente espiar - a beleza
A gente se amar - na beleza

Elisa Lucinda



domingo, 10 de outubro de 2010

Filho de Liríope - 10 de Outubro de 2010 - 15:58


Acordei e pensei nele. Olhei no relógio e vi, estava quase na hora de encontrá-lo, tinha que me arrumar. Corri para o banho e lá fiz minha barba, lavei meus cabelos, lavei-me cuidadosamente. Saindo, coloquei minha melhor roupa, meu melhor perfume, meu melhor penteado, tentando impressioná-lo, lembrá-lo da beleza que há em mim e que talvez por descuido meu ele possa ter se esquecido, ou eclipsado pelos astros do meu dia a dia. Calcei meus sapatos e corri para o banheiro, e quando me virei o vi...

Aqueles olhos pelos quais há muito vejo tudo, belos olhos que refletem pra mim a beleza do mundo, ainda que de cabeça pra baixo. Aquela boca que me fala das coisas que não sei sentir somente, a pele que me faz sentir o que ninguém mais sente, o cabelo acariciado pelo vento, as mãos, extensão do coração. Até seus defeitos me pareceram dignos de aplauso, apreço e cuidado.

Eu o beijei.
Acredite ou não eu o beijei com o beijo mais doce que havia em mim,
redescobrindo o meu amor por ele.
Eu tirei da caixa do meu coração o beijo mais precioso que havia guardado em mim, e dei a ele.
Era frio beijar o espelho, mas sentia o calor do meu apreço... por mim mesmo.
Naquele momento eu e aquela figura do espelho nos tornamos uma somente.
Amei-me.

Que orgulho de quem sou...
E penso que quem não tenha coragem de beijar o espelho
não mereça assim talvez sê-lo.

[PH]elipe R. Veiga
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E que a minha loucura seja perdoada
porque metade de mim é amor
e a outra metade... também.

Oswaldo Montenegro

"Tirésias fora consultado por Liríope (mãe de Narciso) com a seguinte pergunta: Narciso viveria muitos anos? A resposta foi: Se não se conhecer... Se não se vir..."

Mito de Narciso


sábado, 9 de outubro de 2010

Hoje 3 - 09 de Outubro de 2010 - 16:17


Percebi.
Hoje amor, teci minha queda.
Não doeu. Cresci.


[PH]elipe R. Veiga
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Tem dias que eu fico pensando na vida
E sinceramente não vejo saída
Como é por exemplo que dá pra entender
A gente mal nasce e começa a morrer
Depois da chegada vem sempre a partida
Porque não há nada sem separação

Sei lá, sei lá
Só sei que é preciso paixão
Sei lá, sei lá
A vida tem sempre razão

Vinícius de Moraes


(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...