domingo, 17 de outubro de 2010

Carícia de Deus - 17 de Outubro de 2010 - 22:45


A morte se debruça sobre o muro
feito um pivete maroto
E contempla o quintal do mundo
e rouba-nos o fôlego como quem rouba uma manga de um fazendeiro
que já tem tantas, que nem se dá conta da perda.

Nós, feito mangas que somos,
ficamos pendurados à vontade do vento
crescentes ao acaso segundo a vontade das estações
que já não são tão pontuais assim.

A vida segue feito uma grande bobagem
somos uma travessura de Deus
e a morte?
Talvez a unica coisa que não seja acaso

Trata-se de um furto premeditado
pensado e muito arriscado
feito com desejo e esmero

Ao contrário do brotar de nossas vidas
acidental, indiscriminado...
Talvez a morte seja a unica carícia de Deus...

De tão carentes e sós que somos
Ele nos acaricia...
morremos...
de emoção.

Phelipe Ribeiro Veiga
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Será assim, amiga: um certo dia
Estando nós a contemplar o poente
Sentiremos no rosto, de repente,
O beijo leve de uma aragem fria.

Vinícius de Moraes

2 comentários:

Ingrid disse...

voce se superou nestas delicadas pelavras de vida e morte.
Muito bom passar aqui...mas acho que sempre digo isso né... rsrsrs...
beijo.

Cristiano Contreiras disse...

Por vezes, a morte é a própria representação de Deus e não sabemos. Sim, é pura transformação.

(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...