domingo, 20 de janeiro de 2013

Sobre uma guerra civil (no Ser).




Quando as conclusões atrasam, você sabe, fecundou-se o desastre. Incham-se os medos, náuseas assolam seus prognósticos constantemente. O mundo assombroso. O denso. O tenso. Dali a um tempo nasce com dores e contrações uma tragédia. Assim se deu a deterioração do que sou. Há esses dias, verdade. Olho-me no espelho e não sou digno do meu nome de nascido, escolhido com amor por meus pais, ou seria isso puro fruto de uma comparação brutal com o que admiro do lado de fora? Ou seria isso a pura consciência (também brutal) do que admito por dentro? 

Não! Não tenho estado bem. Aprendi tanto a me amar e adular com prazeres as minhas "qualidades", que desaprendi o desprezo de mim, o desprendimento de minha vaidade. Ah a vaidade! Colou-me na pele feito tecido derretido, ferimento causado na guerra civil que há anos me acometeu gravemente por dentro. Sou habitante dos extremos! Agora adoeço tentando amar-me desprezando-me ao mesmo tempo. Tentando conceber um amor que seja "mesmo assim", e um desprezo advenha de um "apesar de que". 

Batalhas são travadas com a ignorância com que sempre são. O brutal não adere a sutilezas. Um furacão não pede licença. Uma onda não desvia do que os homens tem apreço ou apego. Calamidade! Decreto estado de sítio em minha alma! A lei marcial em meu coração, e lágrimas torrenciais em meus olhos. 

Quem vencerá? 
Enquanto o amor e o ódio por mim mesmo se digladiam na mente e no coração em prol da conquista de uma conclusão que seja, tudo que busco é um armistício onde eu possa me amar e me odiar sem me desintegrar por inteiro, ou mesmo pela metade... 

Phelipe Ribeiro Veiga
20 de Janeiro de 2013 - 17:02


Paro no meio da rua
Me atropelei demais
Alguém pergunta as horas
Ou então vai me matar - (Guerra Civil - Cazuza)


(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...