segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Sobre o r-esistir.

Foto: Leandro Monteiro

Decidi por último em meus dias, todos eles, surpreender-me mais que decepcionar-me. Ponho-me hoje feito uma montanha à beira-mar. Resistente às ondas, recortando o horizonte, servindo de apoio a Vida. E quando o mar em fúria me erodir mais que o tempo lhe deu por incumbência, escalar-me-ei a mim mesmo e contemplarei do alto de quem sou a Vida em paisagem. Sei, haverá motivos para "r-esistir" .

Phelipe Ribeiro Veiga
12 de Novembro de 2012 - 17:34




Sobre o "nascer" do Sol.



Quem disse que o Sol, ao escalar os primeiros centímetros do céu tratava-se de um nascimento, eufemismo imenso usou. Ele apóia-se sobre a imensa mesa do horizonte, debruçando-se, e explode, e incendeia o céu. Escala o céu exprimindo virilidade e formas e sombras, cheio de ímpeto, vaidade, de vontade de aparecer. Rasga as nuvens feito um amante que rasga as cartas de uma ex-amada, com ímpeto que varia entre o orgulho e mágoa. O sol Incendeia a Vida. Queima as horas feito um cigarro que vai sendo tragado minuto a minuto, dia após dia. Eu vi isso, vi o dia nascer e correr de encontro ao mar feito um menino muito formoso e nu,  despudorado feito uma criança, faminto de Vida feito um idoso em seu último banho de mar. Eu vi isso. E eu jamais esquecerei.
Desperta(,) dia (,) meu!
Phelipe Ribeiro Veiga
12 de Novembro de 2012 - 16:58

"Woke up this morning
Singing an old, old Beatles song"
Caetano Veloso

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Sobre "O perfume de uma flor no lixo".



Meus olhos são feito duas serpentes cegas que vivem a descobrir o mundo de bote a bote, a tateá-lo envenenando mortalmente de belezas solitárias, as quais jamais serei capaz de dividir com ninguém. Meus dedos são pincéis a perseguir as silhuetas e contornos das vítimas de meus olhos, pintando suas cores e formas, e quando às vezes, rostos. Meu coração fornece a água aonde faço diluir a tinta que destilo de meus pensamentos dando novos tons a tudo que vejo. Por fim a imagem que componho é o cenário dinâmico da solidão de Ser quem sou, sem jamais poder dizer de mim a ninguém, e ninguém de si a mim... 

Que Artista é cada homem, capaz de criar de si e para si tudo ao redor, sua sanidade e insanidade, sua paz e sua guerra, sem necessitar de matéria prima alguma, dando seus próprios nomes ao seu próprio mundo, na sua própria temperatura e seu próprio temperamento de cores e tons.

Assim sendo eis a minha Arte, tudo o que nomeio e que me cerca é a minha tela, o mundo é meu Atelie.

Portanto entre nele devagar, respeitosamente sem falas exaltadas, de preferência de olhos fechados, e agora abrindo-os vagarosamente, goze de cada timbre da luz, e encare a frio, o que você (não) vê é o seu. 

Phelipe Ribeiro Veiga
22 de Novembro de 2012 - 22:47

"Pra quê buscar o Paraíso se até o poeta fecha o livro? Sente o perfume de uma flor no lixo e fuxica..." Cazuza

(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...