sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Ser Pássaro - 29 de Janeiro de 2010 - 20:50


Noite de lua cheia na cidade...

e meus "Má"res se revoltam
a "má"ré das minhas "má"goas contra mim mesmo está cheia
Minha alma encontra-se revolta como o mar em manhã de ressaca

Poesia
tudo que me resta
talvez a única coisa que sempre foi realmente minha
Pois o que tinha, começo a pensar que nunca tive
caso fosse meu, jamais teria perdido
Eu poderia ter jogado fora, desistido, perdido o interesse
mas não... se perdi... jamais possuí

Poesia
Minha perda de tempo ignóbil que sustento
para salvaguardar meu coração patéticamente frágil
Tão ignóbil quanto a ciencia, a filosofia, as artes
Só corações frágeis, fracos e principalmente patéticos se apoiam nessas coisas
Se queres encontrar corações fortes
visite os loucos
que tiveram coragem de surtar para ver a realidade
porque a realidade meus irmãos, É LOUCURA.

Me canso de ser eu mesmo
justo no momento onde ser quem sou é tudo que resta
é tudo que tenho
Volto a um desejo da infância
"Queria ser pássaro, porque pássaro não se preocupa"
Invejo hoje o pássaro porque ele não quer outra coisa
senão ser o que nasceu sendo
E eu? Eu quero ser pássaro.

Que Patético...

Depois de tanto
achei que teria um pouco mais de rigor ou mesmo sofisticação diante da vida
continuo ridículamente frágil...

Continuo ridículamente eu mesmo
ainda hoje, tanto tempo depois
querendo ser pássaro...



[PH]elipe Ribeiro Veiga

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"Esse mar me seduz, mas é só pra me afogar." - Kid Abrelha

"Like a hurt, lost and blind fool, fool..." - REM

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Corações Partidos - 28 de Janeiro de 2010 - 22:41



Ela andava na rua e nada via
nem via se estava na calçada, na via, nem seque se via
Ela olhava e não via nada, estava trancada em si
naqueles dias em que a alma fecha as portas e janelas
e esquece que há um mundo, há compromissos.

E dai?

Se ela olhava os próprios pés
e se por um segundo os enxergava de verdade
se por um segundo abria a janela para vislumbrar a chuva
e se os via lá embaixo
logo perguntava-os coberta de espanto e indignação:
"Por onde é que tens andado? Pra onde tens me levado?"

E ouvindo seu coração a fingir que bate
percebe que seu coração já não bate
ele conta as horas
e se pudesse, ela sabe, ele mataria o tempo.

Ela atravessa a rua
sinal está aberto, ela pára.
O vento lhe bagunça os cabelos
ela ignora

do outro lado da rua um rapaz lhe chama a atenção...

Olhos baixos fitam o chão,
pés feridos por cacos de coração
além de tê-lo deixado partir
ele ainda o pisoteou...

Tragava um cigarro negro
com raiva dos pulmões porque estes não se partem.
Pisava o mundo como se o chutasse pra longe
e se feria ainda mais...

Naquele momento ela soube...
eles eram iguais...
sozinhos, mas acompanhados
juntos
porque ambos foram abandonados...
Unidos por uma só danação

A solidão.

Depois ela voltou pra dentro
fechou a janela, trancou a porta
e chorou... esperando que a tempestade um dia passe...

[PH]elipe Ribeiro Veiga
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"Alguns corações são mais bonitos de algum jeito
como que de cristal em um mundo de vidro.
Até o modo como se partem é bonito."
Everwood - 2.16

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Guarda Chuvas Azul - 25 de Janeiro de 2010 - 23:24



Os dias passam
o dia persegue a noite feito crianças que brincam de pique
e eu? Adulto. Eu adulto não vejo sentido algum nisso,
apenas me rio da futilidade dessa roda que faz rir e gastar energias
e nada mais...

Quem diria meu amor que eu chegaria a esse ponto?
Já não acho recosto nem mesmo em mim mesmo.
nem mesmo dentro de minh'alma tenho descanso,
aliás, é de lá que fujo, é lá que habita meu maior espanto.

Ai de mim amor meu
porque o frio e a chuva dessa existência
lanha-me a pele, adoece-me o coração e resfria-me a alma
Essa existência torpe, vil e sem sentido...
na qual já não consigo mais me inscrever
da qual já não consigo mais fazer parte
mas fico aqui, preso nela, sem ser parte dela...
Porque não me levastes contigo?

Ai de mim amor meu
porque em dias onde a realidade é fria
onde chove copiosamente
procuro seu guarda-chuvas azul
e seu abraço quente...


e não acho.

Não acho nada,
aliás, onde estou que não me acho?
Estou onde me dói
e me dói não estar nos teus braços
onde não estou...

Não estou...

Que saudade!


[PH]elipe Ribeiro Veiga


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Pobre velha casa da minha infância perdida!
Quem te diria que eu me desacolhesse tanto!
Que é do teu menino?
Está maluco.
Que é de quem dormia sossegado sob o teu tecto provinciano?
Está maluco.

Fernando Pessoa

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Que Espanto! – 04 de Janeiro 2010 – 20:15




Que barulho é esse?!
Não, não pode ser isso…
Deve haver um relógio em algum lugar,
Alguém a dedilhar
Ou então uma bomba, isso, uma bomba!
Não, não é isso…
Que espanto!
É meu coração!
Que espanto terrível, ele pulsa sem o teu…
E ainda os meninos saltam sem ti na praia…
E o sol nasce sem ti e se ergue ao céu …
E anoitece, sem ti…
Que absurdo, anoitece sem ti!

Tenho raiva da vida que segue sem ti…
Tenho raiva de mim,
Carrego no peito uma raiva sem fim.

Desde que tu te fostes,
Devolvestes-me a meu antigo lugar.
Por um pouco fui vivente
Agora reassumo meu velho papel vital
O de mero observador da vida
Escrivão das coisas que há
Pobre rimador de dores e cores
Agora sou novamente o miserável observador de outrora
Aquele que inveja as mãos dadas nas praias
Os beijos nas praças dos shoppings
Até o abraço do mar no sol ao fim da tarde
Porque mesmo sabendo que eles jamais se tocam
Pelo menos podem trocar olhares
E eu tenho de fechar meus olhos pra ver os teus…
Lembrar os teus
Imaginar…

Que espanto!

Devolvestes-me aquela velha angústia
E a minha fissura pelo mar
E aquela minha velha saída única
Devolvestes-me ao meu desespero usual, cotidiano, monótono…
E a minha velha vontade de partir sem retorno
De andar em frente até que o mundo atinja meu rosto…
Até que eu caia…
E te abrace enfim de novo.

Que espanto!

Devolvestes-me tudo
E ainda assim
Me deixastes sem nada
porque no fim, tudo eras tu
e nada mais, NADA MAIS!
Que espanto!
QUE TERRÍVEL ESPANTO!!!
[PH]elipe Ribeiro Veiga
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"Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço;
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada;
Porque metade de mim é o que penso
Mas a outra metade é um vulcão..."
Metade de Mim - Oswaldo Montenegro

(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...