quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Eu, bicho que falo, não sei o que digo.
Lambuzo-me nas palavras, deliro sabores, mas desconfio, não existe Afinal...
As palavras vestem corpos, os olhos fazem suas enunciações, promovem suas escutas pelos ouvidos dos seus olhares, mas o significado está sempre perdido no meio do caminho entre o que se procura e o que se encontra. 
Não posso re-clamar, não adianta, não há quem escute. Só há respostas possíveis no silêncio de ninguém ou coisa nenhuma, ou no mal entendido presunçoso de quem pensa que me compreende. 
Não queria falar, nem dizer.
Não queria ser bicho que fala. 
Queria ser bicho livre. 
Mas de que me serviria uma liberdade da qual não pudesse me valer de anunciá-la? Exibi-la? Lambuzar-me em seus significados possíveis?! 
Quando dissesse então "sou livre" estaria cerrado sob o jugo do significado de minha liberdade. 
Não há nada mais a dizer quando nada pode ser dito. 
Sou um bicho que fala mas não sabe o que diz, nem o que é, nem o que quer e nem pra onde vai. 
Calo-me, e está dito! 
Tudo só está dito no Nada das coisas que nunca se dirão! 
Não há! 

Phelipe Veiga 
03 de setembro de 2015 - 22h34

(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...