segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Sobre o colo de minha mãe.




Aonde estou?
Não me acho!
Encontro-me perdido nas faces alheias, sorrisos de Outros dentre outros, pessoas que criticam, reclamam, se colocam, demandam, que me querem mais que me querer bem, e eu? Diminuo-me até caber! Não, eu não me acho!
É que há um assombro habitando minha sombra, perseguindo-me aonde vou. É o da morte! Não qualquer morte, mas a morte da Mãe! Sim, O Desamparo! O fim do colo único, da carícia eternamente verdadeira, do absoluto e divino amor, do abrigo mesmo desabrigado, daquela que me entende mesmo sem entender nada, daquela que sempre se aperta pra caber no meu mundo, sempre menor, pra demonstrar o quanto me ama. Tenho sentido saudade de mãe! Tenho sentido medo da morte! Tenho sentido medo do desamparo, do abandono, do desamor! Que assombro! Estou tão acomodado em tantos que me encontro descabido em mim! Aonde é que há refúgio senão no colo de minha Sônia? De minha Lúcia? Minha Sônia Lúcia de força imensa, quase brutal, e sempre e mesmo assim certamente afável! Minha mãe! Pois na vida só tenho dois amores certos, o da Lua e o de minha mãe!  Preciso de uma Lua nova no Céu, e de um cafuné de Sônia! Que saudade de ser criança e da certeza de que todos me querem bem!
Não, eu não me acho! Aonde estou senão no colo de Sônia? Vou juntar-me em pedaços, me recolher fetal e me abrigar em minha Mãe a espera de uma noite de luar, onde o amor seja menos incerto e haja mais abrigo e menos obrigação no mundo!

Phelipe Ribeiro Veiga
28 de Novembro de 2011 - 23:30

domingo, 27 de novembro de 2011

Leidenschaft



Paixão.
Uma corrida a ermo. Um tentativa despreocupada com o sucesso. Antes teme-se desesperadamente os dez mil novecentos e setenta e três fracassos possíveis. Nela o sucesso é simples, é sutil, é só te ter ao lado, ao alcance do olfato, entres os braços e os laços que são abraços meus. Nessa corrida desvairada, nesse aforismo silencioso onde se implode o peito apaixonado, a sombra é o medo. A sombra da paixão é o medo. É uma sensação de se ter tudo, absolutamente tudo no seio teu, todas as conquistas de todos os impérios não são mais gloriosas, o apaixonado sabe o que é ter o mundo a seus pés, basta ter-te por perto, e me deitar sobre ti e ouvir-te pulsar o coração provando, "minha satisfação está viva!", e me assombro, pode SE PERDER, SE QUEBRAR, MORRER, PARTIR, ESQUECER, DESAPARECER, DEIXAR DE QUERER... DEUS!!! Estar no encontro com a paixão, retribuído, enlaçado de tal modo que não se acham pontas nossas, não deveria acontecer. Algo tão pleno é certamente pecado, como aprendemos de nossos antepassados queimados e enforcados, malditos. Deus não deve gostar! Tal plenitude, aprendemos, só poderia se dar em um encontro com o próprio Deus ou com a Loucura, e talvez seja mesmo um dos dois. Sei, apaixonados são tolos, e eu o mais tolo deles! Somos desnaturados, ou sobrenaturais talvez, sei que somos feito um rio que resolve fugir do mar e correr ao contrário... corremos do fim certo e natural das coisas... porque todo apaixonado é cheio de fé, vencemos o mundo se preciso for, porque ninguém crê mais na vida e em Deus do que quem enloquece de amor!
Paixão.

Phelipe Ribeiro Veiga
27 de Novembro de 2011 - 11:33

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Sobre um dia de chuva na cidade.



Enquanto os Anjos a mando de Deus lavavam a cidade a conta-gotas, enquanto os homens reclamavam de estarem molhados, enquanto os carros chiavam no asfalto ensopado, enquanto o céu se acimentava de nuvens sobre minha cabeça, enquanto os rostos rotos me ignoravam todos, enquanto o mundo deslizava molhado sob meus pés exaustos de fazê-lo girar... eu só pensava no medo que sentia... na febre de saudade que me acometia... nos olhos seus... nos lábios meus... nos teus... enquanto eu vivia tudo isso você estava por aí, num lugar onde não sei e não conheço, fazendo algo que nunca te vi fazendo, indo a algum lugar que nunca estive e sendo quem comigo você nunca é. Enquanto o mundo desabava erodido lentamente eu refletia os caminhos que aquele gotejar poderia abrir na minha pele, no meu rosto, na minha alma e sombra, no nosso recém nascido amor. Que medo de afogá-lo, que medo de perdê-lo, aliás nada é mais frágil que um amor novo. Quem disse que o amor lança fora o medo definitivamente nunca esteve apaixonado, muito me
nos por você.

Phelipe Ribeiro Veiga
16 de Novembro de 2011 - 23:34

sábado, 12 de novembro de 2011

Sobre esses últimos primeiros dias.



É confuso contemplar com tanta paixão essa paisagem tão nublada. E é assim que tem sido. Um esperar lento mas usufruido como uma delícia rara cada ansiedade e angústia, como quem goza a contemplação de um quadro torto na parede sentado na sala tragando um bom vinho. Tenho feito desses ultimos dias uma loucura consciente, um saltar onde há um imenso descaso pela dor da queda, pelo acertar o chão, onde lamento é pelo chão que acerto. Tenho feito desses ultimos dias um esperar langoroso, e tenho me encolhido por fora, me expandido por dentro, nesse cantinho de cidade que me resta onde o Cristo me olha de canto de olho, quase que de costas. Assim tem sido esses dias, um aforismo sem taquicardias, um susto sem sobressaltos.

E ainda tem sido mais.

Na verdade sou eu, desde o Cristo desconfiado até essa via crucis em que eu subo cantarolando músicas alegres, saltitante. Tenho feito um bom cenário pro nosso drama de final (espero!) feliz. Eu só estou cumprindo minha marcação enquanto você se aventura num palco pra ti completamente novo. Enquanto esses ultimos dias vão sendo tecidos como uma contradição, com linhas de cores opostas, com nossos desencontros e contradições expressas em nós fortes, que se encontram e se satisfazem e se sustentam, você me surpreende com essa braveza e essa ousadia sua exposta em cada olhar, em cada confissão e suspiro. Digo que de nossos crimes somos mais que suspeitos, somos réus confessos, cúmplices. E te digo que quanto a mim, em mim, eu mesmo tenho feito as leis e tenho cometido os crimes e tenho me inocentado, e nada tem sido mais prazeroso que isso, e nada desejo mais pra ti que isso em teu próprio tribunal.

É fato que tem sido assim esses meus últimos dias... e eu só  posso mesmo é esperar que esses últimos sejam apenas os primeiros de muitos outros... muitos outros mesmo.


Phelipe Ribeiro Veiga
12 de Novembro de 2011

sábado, 5 de novembro de 2011

Sobre depois do sexo.



(...)

E foi aí que depois do sexo, acendi uma poesia...
...mas você insistia em tragar a minha esperança...
Se ao menos isso fosse ruim...
...mas não foi. Não, foi.

Phelipe Ribeiro Veiga
05 de Novembro de 2011 - 13:35

(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...