terça-feira, 30 de novembro de 2010

O que eu sou?


O que eu sou?
O que eu sou?

sou um barco a deriva
constantemente se afastando do cais
sou um sol sempre a se por
sou uma atitude impensada
que já não se desfaz
sou uma alegria que insiste em ser dor
sou um campo de batalha
invadido de paz
sou um poema que não se sabe rimar
sou um poeta que esqueceu o que é o amor...
sou um segredo a se sussurrar
sou uma história que se abandonou
porém... todavia... entretanto... eu sou...

Phelipe Ribeiro Veiga
30 de Novembro de 2010 - 21:53






...

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Pena

Foto: Phelipe Veiga


Eis a pena do poeta...
a ser cumprida,
pra escrever
e ser distribuída por aí e sobre si...

Eis a minha pena por e para ser poeta...
Minha sentença que compõe meu poema e minha condição...

Ser assim na metade, meio homem meio coisa sem nome, ter esse coração assim, feito um labirinto que não tem mapa e nem sinal de saída, ter que admitir o que minto, ter que rimar o que sinto e acabar feito página rasgada e pisoteada como folheto em final de carnaval. Em minhas veias corre um vinho tinto que tem a minha idade, que justifica a embriaguez permanente de minh'alma. Sob meus pés há um mundo a girar e parece que só eu me dou conta disso, por isso a realidade das coisas me deixa assim... tonto. A minha sombra me persegue, e a luz do sol refletida no mar persegue meu olhar... por isso alimento (assim como todos os poetas) o sentimento glutão de achar que sou algo além do que um ordinário homem no mundo.

Que lástima essa pena, essa sentença que foi promulgada por um juiz que não seria outro senão minha própria alma, apoiado por um júri composto por todas as pessoas que compõem quem penso que sou, fui acusado de matar a realidade, de cometer o crime de querer semear rosas em um pântano. Incomodei os crocodilos meus irmãos. Agora cá estou, cumprindo pena debruçando-me sobre minha pena com pena de todo o mundo...

Quantas penas terei de juntar
pra montar asas
e fugir daqui voando pra outro lugar?
Quantas?

Phelipe Ribeiro Veiga
24 de Novembro de 2010 - 13:04

domingo, 7 de novembro de 2010

Carta para o Imperador



Sinto o teu mundo tão grande que me sinto pequeno nele. É tanta gente, tanta coisa, tanto lugar... haja ser pra ser alguém nesse teu mundo vasto, extenso, desconhecido por meus olhos. Fico caçando no teu olhar algum vestígio de tudo isso que me faça maior um poquito que seja, pra que eu não me sinta tão miúdo. Faço caras e bocas pra que minha pequenez te encante, e quer saber? Não sei se encanta! Penso em te oferecer um poema, mas você não gosta. Penso em te oferecer meu beijo, mas você não quer. Penso em te oferecer meu abraço, mas o calor te incomoda. Penso em te oferecer meu tempo, mas você está ocupado. Penso em te oferecer dinheiro, mas você não precisa. Penso em te oferecer meus olhos, mas eles te constrangem. Penso em te oferecer minha companhia, mas você não está... não está... Mais do que longe está distante. E eu fico ali pra mais um lapso de proximidade, que hora sim hora não ocorre. E o dilema que vivo é te pedir o que pode me desafogar (ou afogar) ou te deixar partir sem saber se vais voltar... o que você iria querer se pudesses escolher? Ao puxar-te pra perto posso mesmo é te afastar, mas se não puxar-te pra perto, vais seguindo à deriva, pouco a pouco a se distanciar. Vais... de todo jeito.
No fim o que sobra é o que sobra, somente eu, calado, inócuo, de olhos furtivos, de lábio seco, de peito apertado dizendo-te adeus... de novo... até que você volte pra se despedir mais uma vez.

E assim calo (n)a garganta. Calei-me.
E vez após vez terminamos sozinhos
e o pior... a sós. Está bom pra você?

Phelipe R. Veiga
07 de Novembro de 2010 - 05:47 am

PS: ...

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"Ó minha amada
Que olhos os teus
São cais noturnos
Cheios de adeus
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe dos breus..."

Vinícius de Moraes

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"O que é felicidade pra você?"

Vanilla Sky


(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...