quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Pena

Foto: Phelipe Veiga


Eis a pena do poeta...
a ser cumprida,
pra escrever
e ser distribuída por aí e sobre si...

Eis a minha pena por e para ser poeta...
Minha sentença que compõe meu poema e minha condição...

Ser assim na metade, meio homem meio coisa sem nome, ter esse coração assim, feito um labirinto que não tem mapa e nem sinal de saída, ter que admitir o que minto, ter que rimar o que sinto e acabar feito página rasgada e pisoteada como folheto em final de carnaval. Em minhas veias corre um vinho tinto que tem a minha idade, que justifica a embriaguez permanente de minh'alma. Sob meus pés há um mundo a girar e parece que só eu me dou conta disso, por isso a realidade das coisas me deixa assim... tonto. A minha sombra me persegue, e a luz do sol refletida no mar persegue meu olhar... por isso alimento (assim como todos os poetas) o sentimento glutão de achar que sou algo além do que um ordinário homem no mundo.

Que lástima essa pena, essa sentença que foi promulgada por um juiz que não seria outro senão minha própria alma, apoiado por um júri composto por todas as pessoas que compõem quem penso que sou, fui acusado de matar a realidade, de cometer o crime de querer semear rosas em um pântano. Incomodei os crocodilos meus irmãos. Agora cá estou, cumprindo pena debruçando-me sobre minha pena com pena de todo o mundo...

Quantas penas terei de juntar
pra montar asas
e fugir daqui voando pra outro lugar?
Quantas?

Phelipe Ribeiro Veiga
24 de Novembro de 2010 - 13:04

2 comentários:

Ingrid disse...

Falta da tua "pena" no teu papel a iluminar palavras Phelipe..
E que venham muitas penas para tuas asas!
Beijo.

Rosa Carvalho disse...

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beijos!!!!!!

(...)

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