sexta-feira, 1 de março de 2013

Sobre uma Paisagem.





Os montes eriçados, tenros precipitam-se uns sobre os outros para contemplar o luar riscando o mar com a curiosidade das vizinhas velhas de antigamente, os céus fazem cafuné na copa dos montes com nuvens gordas e brancas feito a mãe que assiste seus filhos ganharem centímetros de altura a cada ano, e o sol estica-se sobre a mesa do horizonte como o amante ansioso pelo encontro com os olhos amados dos quais por algum motivo, precisou dormir afastado. Assim nasce o dia, resplandecente, misturando tons de azuis celestes e marítimos, trocando o prateado luar pelo dourado solar.

 Aqui é o lugar onde o sol mais se demora, onde ele não quer ir embora. Aqui é o lugar onde o mar quer abraçar a terra e insiste, insiste e não desiste. A Vida se dá em um ritmo batucado e ininterrupto. A Vida se agarra nas encostas, nas frestas, e preenche cada espaço que pode, apaixonada. Aqui é o lugar onde a saudade embala tudo, e o encontro se dá pra todos. Aqui é o lugar onde meu amor caminha pelas ruas e pelas veias da terra. Aqui é onde um povo criança dorme de dia ou de noite ninados pelo barulho das ondas. Aqui é casa pra quem quiser chegar.

Essa cidade não brotou da terra, foi plantada a beira do mar, e pelo mar é ajardinada, regada e floresce e frutifica em música, som, beleza, saudades e paixões.  

O Rio irriga a terra, vermelha e abrasada, brasileira, e multiplica a Vida ao redor. O Rio é nascente, margens, leito, corredeira, afluente e foz pros nossos coração. O Rio é lar.

Phelipe Ribeiro Veiga.
01 de Março de 2013 - 13:06


"Ó bem-amada 
Rio! como mulher petrificada 
Em nádegas e seios e joelhos 
De rocha milenar, e verdejante 
Púbis e axilas e os cabelos soltos 
De clorofila fresca e perfumada! 
Eu te amo, mulher adormecida 
Junto ao mar! eu te amo em tua absoluta 
Nudez ao sol e placidez ao luar."
(Vinícius de Moraes)

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