terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Sobre meu coração de primata.



Ah meu coração de primata! 
Quanta selva não atravessastes decoradas para que agora te percas na selva que há dentro de ti? Quanta noite de lua não passastes contemplando a vida a sós? Quanta briga pra se viver? Não vês que não se argumenta com o amor?! Com o amor não se argumenta, afirmo sem medo, pois o amor é em si O Argumento da Vida. Meu coração símio que pensa que aprendeu a dizer o que sente, tu não aprendestes nada! Só sabes meia dúzia de milhões de palavras que de nada te servem pra significar o que sentes.  Agora aquieta-te que só uma palavra vazia e sublime delineia o espaço entre seus braços, a falta de abraço e o pó de ser só, a Solidão. Não há do que se lamentar, sozinhos nós símios, continuamos símios, continuamos em bandos, sozinhos, balbuciando tudo o que não quer dizer coisa nenhuma. Melhor seria a selva de fora do peito, o pêlo que aquecia na noite fria, o bando que se seguia sem nem sabe pra onde ia. Melhor era ser sem se saber que era. Que inveja de meus ancestrais! Mas de nada importante eu trato, meu coração primata, senão a verdade de que a ninguém devemos convencer a ficar, devemos entretanto estar sempre inteiros, dizer sempre o que sentimos, fazer sempre o que queremos e sentir mais do que nunca, sentir sempre o que nos oferece a Vida a sentir, até a hora, permitida e certa, do Adeus chegar (até que isso se desminta), para que de nada nos arrependamos, pois a Vida vivida meu coração primata, é terra de ousadia, é de que é capaz de morrer um segundo atrás pra viver um segundo a mais. Só assim podemos evoluir, e quem sabe um dia amanheceremos, tu e eu... humanos?!

Phelipe Ribeiro Veiga
14 de fevereiro de 2012 - 22:26

Poema de Natal (Vinícius de Moraes)

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos –
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.

Assim será a nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos –
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.

2 comentários:

Jéssica do Vale disse...

Bem,
O vagabundo é sempre
mais agradavel.


Gostei do seu blog.

POESIAS SENSUAIS E CONTOS disse...

O dia a dia
de um poeta
é um constante
pensar,
sonhar,
exercitar
a alma,
lidar com a vida
e seus constantes
acontecimentos...


Poeta Francis Perot

(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...