segunda-feira, 14 de maio de 2012

Sobre flores artificiais.




Tudo em mim é visceral! 
O fato puro e simples é que minhas ondas não são artificiais, elas tem temperamento e temperatura.  Meu sangue não corre, aposta corrida, meu coração não bate, faz batucada, meus poros não suam, eles choram de comoção, eu não tenho febre, faço verão. A verdade é que até minhas mentiras são todas, cada uma à sua maneira... de verdade. Nada em mim é estático ou imutável. Cultivo em mim sempre a viabilidade de muitas instabilidades, que é pra me garantir vitalidade. Meus jardins são todos de verdade. Tudo neles nasce, cresce, floresce e perece... pra nascer de novo num novo arranjo com novas cores e odores. Para isso carrego em mim uma porção de Morte pra tudo que sinto e vivo. E é de tanta vida que um dia hei de afogar meu jardim. As pequenas pitadas de Morte que carrego hão de ser feito o sal que se acumula em alta pressão, e te encaminham pro "em vão" de todas as coisas que são. 
Todavia terei me valido de jamais ter tido em mim uma só flor que não fosse de verdade, não tendo concebido nenhuma dessas flores artificiais desses dias ruins que temos vivido, as quais não morrem nem desabrocham, são imutáreis, todavia não tem odor, só fazem ocupar espaço, empoeirar-se e desbotar-se. Terei tido um lindo jardim...


Phelipe Ribeiro Veiga
14 de Maio de 2012 - 20:58

Um comentário:

Anônimo disse...

Deixemos pra lá as flores artificiais e cultivemos as naturais, as sentimentalmente orgânicas, capazes de transformar as mais adversas paisagens em lindos jardins!!
Lindo texto!

(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...