quarta-feira, 13 de junho de 2012

Sobre hospitais.




Neste templo de vida e de morte, lugar de chegada, de partida e de agonia e alegria  as paredes ecoam solidão. Seus sacerdotes não estão onde estão, estão trabalhando. Meu sofrer é matéria prima de olhos técnicos que não se compadecem, não me tocam, não sabem quem eu sou, querem salvar-me por um dever descompromissado comigo. Aqui não sou ninguém, aqui não sabem quem eu sou. Nem aqui nem em lugar algum. Solidão ecoa, desamparo não perdoa, e eu agonizo a espera quem não sabe cuidar, só aprendeu a curar... E que Deus me proteja e a Vida me abrace forte porque a Terra em que estou é de puro abandono. 


Phelipe Ribeiro Veiga
13 de Junho de 2012 - 14:58


Texto escrito numa espera de horas por atendimento em uma emergência de hospital sob insensibilidade médica.

Nenhum comentário:

(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...