domingo, 21 de outubro de 2012

Sobre o pudor e o despudor das praias.

Foto: Phelipe Veiga

Visitando as praias de Maricá, que são feito essas moças recém-desvirginadas que, cheias de violência, fecham as pernas em ondas impedindo a balneabilidade do prazer em seu corpo longo, eu sou impelido a pensar na pequena rebelde, vedete de todos os ritmos e amores, aquela que fora amaldiçoada com um nome de imprestável que nem era seu e que se faz propositalmente o inverso.
Aquela que pôs a barriga de fora, que estreou quatro triângulos escandalosos falseando a cobertura da nudez que no fim só se fazia mesmo era mostrar, e quando falsear já estava por demais de costume, ela tirou  dois deles triângulos pondo os peitos de fora. Aquela que sempre contradisse a caretice de tudo que acontecia além de seu calçamento quadriculado em pedras portuguesas, que beijava livremente os do sexo oposto e os do mesmo sexo, e tragando um baseado não deixava ninguém a criticar. Ipanema é ainda a moça que brinca feito um quadril balançado nos extremos do que se esconde e do que se revela em formas, cores, cheiros e sons. É a praia da bossa, do rock, do funk e da gaivota a cantar. É a areia branca de protesto a tudo que  se nega ao prazer. É o encontro de bocas e sexos do que é homem e do que é natureza, dando a luz a um humano mais natural, que diante de tanto estupor sabe aplaudir o pôr-do-sol.
Diante das praias puritanas e ladeiradas, sem calçamentos e cheias de puritanismos se fazendo de difíceis, carrancudas feito as daqui de Maricá, eu me lembro de Ipanema, de sorriso indecente, pernas abertas querendo só gozar e gozar e gozar... 

Phelipe Ribeiro Veiga
21 de Outubro de 2012 - 18:31

"O Brasil só será feliz quando virar uma grande Ipanema!" - Tom Jobim

Um comentário:

Ingrid disse...

visão única ..
belo texto Phelipe..
beijo.

(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...