domingo, 27 de abril de 2014

Sobre o porque eu estou triste.

Hoje estou triste.
E a minha tristeza se abisma por ter de haver um motivo e eu não ser capaz de achá-lo. Tento circunscrevê-lo. Achar o indivisível da minha tristeza. Há hipóteses...

Estou triste porque há tanto que nunca será. Porque só posso ser eu em detrimento a tantas outras possibilidades de ser, e por ser este um privilégio tão cansativo e doloroso. Estou triste porque a Vida é irremediavelmente surda aos clamores dos homens, enquanto a Morte nos atende mesmo sem jamais a termos chamado. Estou triste porque andei doente, e tem me sobrado braços e me faltado abraços. Porque minha mãe anda longe, e não há colo como o dela, nem há quem se pretenda a suprí-la. Estou triste porque apesar de tudo ser tão feliz, há sempre um pouco de tristeza em todas as coisas. E por falar em todas as coisas, estou triste porque é tudo tão individual, e consequentemente tão só. Estou triste porque tudo é perigoso e arriscado, e a felicidade é móvel, podemos alcançá-la, tocá-la mas jamais segurá-la. Estou triste porque é domingo, e dentre tantas outras coisas inevitáveis, é inevitável a segunda-feira. Por fim, me entristeço por estar tão triste, mesmo podendo estar feliz...

Phelipe Ribeiro Veiga
27 de abril de 2014 - 21:14

Nenhum comentário:

(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...