quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Sem título.

Alguém que pega um café no balcão, atende o celular e sorri. Alguém que corre de skate ao som surdo de boa música por uma rua arborizada. Alguém que descansa na grama olhando o céu azul sem enquanto. A coisa é tão simultânea. Passamos protagonistas só de nossas próprias histórias, e todas as outras vão sem a gente, como vagões de um trem do qual desembarcamos. A trajetória do trem continua sem a gente, somos passageiros, e fomos também trens pra tantos passageiros. As vezes fico imaginando seus trilhos, por onde seguiram, que pontes atravessaram, que paisagens, que noites, quantos sóis e quantas chuvas... Essa coisa de estarmos todos ao mesmo tempo em tantos lugares as vezes aflige, mas sempre entretém. Ajuda a gente a fugir da rota e também da rotina. A gente fica sonhando com encruzilhadas, estações onde se possa compartilhar de novo histórias. E esses sonhos multiplicam as possibilidades como um céu estrelado. Ensina que tem coisas que não precisam ser explicitadas, que a gente vê, a gente sente e a gente acredita. Ensina e re-ensina initerruptamente que o que vale não é a resolução dos desencontros que sofremos mas a qualidade dos encontros que a gente tem.




Phelipe Ribeiro Veiga
18 de setembro de 2014 - 16h35




"Meu coração é um vago de acalanto berçando versos de saudade imensa." (Soneto da Contrição)Vinicius de Moraes

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(...)

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