domingo, 2 de maio de 2010

Só, rimos - 02 de Maio de 2010 - 12:30


Sol forte e calor no Rio de Janeiro
Metrô, Estação da Carioca, 6h30m da manhã.

Ele vai na direção da escada rolante e logo a vê...

Linda, com um vestido vermelho até o joelho, cabelos castanhos e encaracolados. Ela consulta o relógio fazendo pose como quem consulta um espelho. Seus olhares se cruzam, se distraem e se perdem um no olhar do outro sem parar de caminhar. Eles quase se esquecem de para onde estão indo. Ela se mostra tímida e sorri, abaixa a cabeça, ajeita o cabelo e se mostra mais linda ainda. Ele pensa que a conhece (de algum lugar) e os dois dividem aquele momento, caminham meio que um na direção do outro. De repente ela vê que seu ônibus está parado no sinal da Rio Branco. Ela no fundo lamenta, mas tem que correr.

Ele? Só, ri de si mesmo
e segue seu caminho em direção a escada rolante.

Assim são os amores! Nos encontramos sem querer, compartilhamos a vida por um minuto que seja e seguimos o nosso próprio caminho as vezes sem sequer saber quem foi o outro ou pra onde foi, ou ainda de onde veio.

Seguimos! Só, rindo de nós mesmos.

[PH]elipe R. Veiga
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"Na vida só resta seguir." - Marisa Monte

"Nós não podemos amar, filho. O amor é a mais carnal das ilusões. Amar é possuir, escuta. E o que possui quem ama? O corpo? Para o possuir seria preciso tornar nossa a sua matéria, comê-lo, incluí-lo em nós... E essa impossibilidade seria temporária, porque o nosso próprio corpo passa e se transforma, porque nós não possuímos o nosso corpo (possuímos apenas a nossa sensação dele), e porque, uma vez possuído esse corpo amado, tornar-se-ia nosso, dei xaria de ser outro, e o amor, por isso, com o desaparecimento do outro ente, desapareceria..."

Fernando Pessoa

2 comentários:

Fruto que vem da terra seca disse...

Amo essa música da Marisa....

Anônimo disse...

SEu texto é perfeito ,cada fragmento dele.Só discordo em um ponto, o amor não é tão fugas assim por vezes ele fica por muito tempo.

(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...