terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Reflexões de Fins de Ano




Hoje vejo-me, e mais, me olho nos olhos. Não é que eu não saiba amar, visto que essa é uma daquelas coisas que se aprende fazendo, mas é que eu não sei se quero. Rejeito e resisto ao amor feito um cão resiste a coleira, mesmo desejando ardentemente o passeio, mas por que a coleira? Desejo tanto o afago atrás da orelha quanto rejeito a coleira. Penso na angústia do amor que dá certo. Vivemos a lamentar nossos fracassos amorosos... Mas e se der certo mesmo? Meu Deus! Ser feliz é tão assustador! Saberei ser feliz? E você? Saberia? Penso-me tão jovem pra ser feliz pra sempre, mas quando é que me verei velho? Acaso também não me pensarei velho demais daqui a um tempo? Será que a tentativa não deixou espaço pro sucesso? E minha poesia? Sei fazer a dor rimar com a angústia, saberei rimar alegria com felicidade? Sobreviveria a poesia em mim? Porque não escondo, entre eu e o poeta, escolho facilmente o poeta. E agora José? E agora que a festa não acabou? Que fazer? 14:33



Não há outra maneira. Sou um estranho, feito um sapato para uma espécie de pé que já não nasce mais. O caos do mundo me invade, o passo constante dos ponteiros é o som do caminhar tranquilo da morte vindo em minha direção e já não há saída. Passei vinte três anos e alguns dias nesse mundo e em todo esse tempo não encontrei um lar sequer, não há uma calma que meu coração abrace, uma cama em que meu corpo descanse, um abraço em que minha inquietude se abrande. Concluo assim... Pra mim nesse mundo não há lugar, pra mim não há a possibilidade de par. E aos passos distantes da morte que se tornam cada vez mais audíveis eu vou me tornando cada vez mais esquisito. Sou um estranho cheio de silêncios até para os meus mais íntimos. Que fazer? Desespero-me calma e silenciosamente, e sediciosamente tento me juntar a isso tudo e fazer desse caos algum tipo de paz. Sou... 14:18



PHelipe Ribeiro Veiga

28 de Dezembro de 2010

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu amei esse teu texto!Poetas e possibilidade de par é algo quase inexistente. Pq sempre amamos o jamais teremos, isso eu tiro por mim mesmo,que amei e nada em trocaz recebi. Mas o que temos de fazer é aproveitar até as desventuras e bondades que a vida nos apronta pra transformar em poesia.

Ph tudo de bom pra vc


beijos


Be

Eliel disse...

A alienação transforma-se em intimidade, a desumanização,
em humanidade e a extinção do sujeito, em sua confirmação. A socialização
dos seres humanos, hoje em dia, perpetua sua associalidade, ao mesmo tempo
que não permite ao desajustado social nem sequer orgulha-se de
ser humano.

Eliel

(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...