terça-feira, 2 de agosto de 2011

Sobre calar a boca.




Eu só queria que o silêncio me bastasse! Mas não dá!
As palavras vem e roubam a paz, trazem a dúvida de algumas coisas boas, a certeza de outras ruins, as palavras penhoram a alma.
Eu só queria que o silêncio me bastasse! Mas eu me tornei adicto dessa mania de dizer, mesmo com meus silêncios, e esse bolo na garganta me asfixia, e aí eu escolho calar, eu não falo, mas digo mesmo assim.
QUE DESGRAÇA! EU SÓ QUERIA QUE O SILÊNCIO ME BASTASSE!
Mas não dá! Não há silêncios em mim, eu temi tanto as horas quietas que as expulsei de mim, e agora tudo por dentro é um mar de significantes, ilhas de significados e naufrágios de mal entendidos.
Pra quê dizer? Não muda nada! NADA MUDA! Sabendo que não muda, deveria emudecer. Mas não! E eu digo, e o sol continua sol, a noite continua noite, a injúria e o perjúrio persistem, e o que eu disse é que eu não sei o que quis dizer... perdi! A palavra dita é feito o trem que perde o trilho, descarrilha e já não se sabe de onde veio, pra onde vai, ou se sobreviverá a viagem! No silêncio possuo meu discurso, é meu, só meu, entendo, sei, compreendo. Falei, perdi. Já não sei.
Que diacho!
Eu só queria que o silêncio me bastasse...!
Ahhh cala-te poeta, porque nada rima com o vazio, e tudo jaz dissonante.
Cala-te... que ainda não terminou!
Façamos silêncio ainda que não baste, portanto... cala-te!
Deixa a vida dormir, a palavra descansar, não perturbemos a alma, não afastemos a paz, cala-te que o desassossego se vai... em breve, em silêncio!
Portanto poeta, cala-te perante a vida, e perante os vivos, que calar-se diante de mortos que já não escutam é o que todos fazem, mas tu, cala-te, cala-te, cala-te!
Shiu!
...
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Phelipe Ribeiro Veiga
03 de Agosto de 2011 - 03:24

4 comentários:

Anônimo disse...

Eu acho q eu deveria ficar mais queita, falo mto =[ Amei o texto


Hurricane

Karine Melo disse...

Maravilhoso texto.
parabéns.
beijo ;)

Anônimo disse...

poetinha =)
até o mais bohemio dos corações, como o seu, um dia vai ter que parar de vagabundear...

‎"A vida é agora, aprende. Ainda outra vez tocarão teus seios, lamberão teus pêlos, provarão teus gostos. E outra mais, outra vez ainda. Até esqueceres faces, nomes, cheiros. Serão tantos. O pó se acumula todos os dias sobre as emoções." Caio F. Abreu

Pedro Sch@rth disse...

me disseram que é feio postar anônimo.... então....

(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...