sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Epitáfio de 2011



O ano vai se pondo feito um sol cansado, dando-nos apenas uma noite de celebração antes de mais 365 dias de aforismos e de esperança de que tudo melhore em algum canto do nosso quarto pelo menos. Esse ano foi um dia frio pra mim, um dia nublado, cinza, que só agora quando o sol começa a acariciar o horizonte é que eu vejo alguma luz, algum calor, mas ainda sob fortes ventanias. Esse ano me erodiu muito, me envelheceu, me embruteceu a mente e o coração. Nesse ano aprendi o que é desassossego, e de quem é a culpa dos meus, minha. Nesse ano aprendi a dizer adeus de forma bruta, e conheci meus exageros. E conheci a solidariedade de onde não esperava, e essa mesma solidariedade vem me aquecendo, acolhendo, protegendo do frio que ainda resta desse ano invernoso. Aprendi a reconhecer gente boa e gente ruim, e sei que ainda hei de errar muito a respeito desse juízo. Aprendi que tem coisas que não adianta, eu não quero aprender e pronto, vou carregar o erro feito um colar pesado que com o passar dos anos vai me onerar por sua beleza entortando minha coluna e meu espírito. 

Aprendi tanta coisa que chego a surpreender-me com mais novidades da vida... e me apaixonei... depois de tanto deserto e areia e calor eis que encontrei uma flor (de espinhos duros, verdade), mas cheirosa como levarei anos pra topar com outra igual, e pra minha surpresa percebi que eu mesmo a plantei, e consciente disso eu vou cuidar dela. Só sei que aprendi que a vida é feito um rio, que segue sempre adianta, jamais retrocedendo, onde até percalços são avanços, e feito rio, a vida não erra o caminho em direção ao mar onde tudo deságua, onde tudo termina. Por fim compreendi que quero envelhecer, enrugar, e que pra querer envelhecer é preciso amadurecer, portanto eu quero sim, murchar por fora, florescer por dentro, ver a vida e suas novidades até que seque meu percurso e eu abrace o mar ou a morte com uma saudade tão grande, feito um encontro muito esperado de um amigo que há muito não se via. Neste ano frio e difícil aprendi a valorizar cada pedaço de vida, e eu só desejo que 2012 tenha mais calor pra oferecer.


Phelipe Ribeiro Veiga
17 de Dezembro de 2011 - 03:42 

3 comentários:

Ingrid disse...

olá..
vim te desejar um lindo Natal e 2012 pleno de saúde e alegrias..
beijos perfumados..

Phelipe Veiga disse...

Obrigado Ingrid por sua companhia durante o ano inteiro. Sem ela e a de outros amigos, a solidão já teria varrido minhas letras daqui há tempos. Feliz ano novo pra nós.

Victor T. Ibrahim disse...

Belas palavras amigo...

;)

(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...