quinta-feira, 4 de abril de 2013

Sobre ser um poeta brasileiro.



Sou um poeta brasileiro. 
E feito a brasa que minha nação carrega no nome eu também sou não. 

Esse meio termo. Essa promessa não realizada de fogueira, ou esse ter sido, quase. Essa sensação de impotência mediante o incendiar-se. Essa promessa. Esse fra-escasso. Não, eu não sou lenha nem fogueira. Sou brasa. Sou quase o que sou. 

Sou como minha terra. Uma quase alegria, completa. Um carnaval que evita a quarta-feira. Um feriado prolongado. Uma praia lotada depois de um funeral. Uma comemoração forçosa pela alegria como única opção diante de tanta tristeza. 

A brasa que não incendeia, mas queima ao soprar do vento, e ameaça e ameaça mas não incendeia, não incendeia nunca. Assim sou eu, e minhas ameaças de alçar vôos, e minhas odisséias, e meus heroísmos. Vou sendo um quase brilhante alguma coisa. 

Feito minha terra, que tem os risonhos e lindos campos com mais flores, que jazem muradas, que não podem ser colhidas por qualquer um, e meus braços não alcançam. Meu Deus, meus braços não alcançam! Feitos os bosques com mais amores, que tão poucos são correspondidos. Feito a mãe gentil que renega os filhos e põe uns a carregarem o jugo da felicidade dos outros. A mãe gentil que tem suas predileções, que faz pesar a clava forte, e não, o filho teu não foge à luta. 

Sou parte disso. Sou um poeta brasileiro. Feito a minha terra, sou brasa, vermelho opaco, árvore espinhosa a sangrar, vermelho, brasil. Sou um poeta brasileiro, e só me resta rir e mar...

Phelipe Ribeiro Veiga
04 de Abril de 2013 - 22:14

"Eles venceram e o sinal está fechado pra nós..." - Belchior

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