segunda-feira, 4 de agosto de 2014

A doçura.


A doçura se foi! Nunca mais foi vista! E agora tudo que ela pode ter sido desencanta em versionamentos, ficção, interpretação! Era desilusão de máscara? Talvez! Mas que máscara! Era infantil? Certamente! Mas era feliz, era dócil e doce, digna de ser perseguida! Dançava saltitante, sorria e fazia sorrir, mesmo que em hipóteses de carinhos que todos ensaiavam fazer. A doçura era sonho, era sensação, era encontro a acontecer, a acometer. A doçura não sobreviveu a esses tempos tão modernos. Sucumbiu a um ataque do coração. Ninguém mais a viu, nunca mais. Ouve-se ainda falar de seus estilos, de como o raio de sol ensaiava pelo menos três vezes antes de tocar-lhe o rosto. Ouve-se ainda por aí um insistente "antigamente", de quando ela ainda vagava pelas ruas, pelos cabelos, olhares, toques. Há quem diga que faleceu de morte natural, outros que foi assassinada por um grupo de sinceridades, e há ainda os que dizem ter anotado a placa das paixões que passaram por cima dela. Mas eu particularmente não acredito nessas versões. Acho que ela se foi, ou talvez nunca tenha sido. E agora fica aí feito mito, habitando canções, olhares hipotéticos, declarações ensaiadas e pretensões de confissões que em dias tão práticos jamais se darão de verdade. A doçura era boa demais para gente como a minha gente. O que sobrou? Sobrou o que sobrou, e a tangível saudade do que nunca foi de fato tangível. A falta do que nunca se teve. A doçura se foi e deixou ensaiadas saudades dos dóceis momentos que inspirava, saudades do que era viver, naquele tempo, com tão mais doçura.


Phelipe Ribeiro Veiga

04 de Agosto de 2014 - 17:00


"O amor é o ridículo da vida. A gente procura nele uma pureza impossível, uma pureza que está sempre se pondo. A vida veio e me levou com ela. Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga ideia de paraíso que nos persegue, bonita e breve, como borboletas que só vivem 24 horas." Cazuza







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