segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Poesia perturbada



Eu tenho um nada a dizer nada em mim, de mim, pra mim. 
Esse nada é tudo, todos, todo lugar, todo mundo, sempre.
Eu tenho um nó, dois nós, solidão, só eu, sem nós.
Eu tenho uma teia nos olhos, um escrespado nos lábios, as mãos nos ouvidos, ouvindo a palma das mãos.
Eu tenho um medo nos passos dos pés, os joelhos ao chão, e o chão na testa.
Eu tenho um sobressalto no peito, cotovelos marcados, sem ponta nos dedos e muitos e muitos medos.
Eu tenho um labirinto pulsando no lado esquerdo, um estomago canibal, uma mente sádica e dessa cena não há saída, dessa sina não tem escapatória, de mim não há descanso. Sou inverso, avesso, contragosto, contramão. Sou situação indefinida, porta entreaberta, problema sem solução. Sou contra a correnteza, contra a corrente, contra certeza, contra mim e contra você, sou uma incógnita, uma pergunta sem som, feita com olhos e mãos, sou uma perturbação de mim mesmo, um pensamento recorrente na minha própria cabeça, um plano falho, uma tentativa frustrada de ser. Sou um perdedor usurpando um pódio de cabeça pra baixo, invertendo os papéis, rasgando os papéis, recusando papéis. Sou tanta coisa sendo nada, que me cansei. Eu me rendo, sejamos todos iguais como querem Deus, deus, deusa e homens. Já não sou voz, sou eco eco eco... e ponto . Ponto . Ponto.


Phelipe Ribeiro Veiga
06 de Setembro de 2011 - 02:28

2 comentários:

Anônimo disse...

Então renda-se! Gostei do texto...
Você é grande garoto só precisa descobrir isso. Mas que seja bem rápida essa descoberta.

Pra findar o post olha essa canção que linda:

http://www.youtube.com/watch?v=d5NUpLdNwkg

Unknown disse...

uau... você sempre me deixa perturbado - naquele sentido ambíguo, bom!

(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...