sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Sobre a grave idade (o último epitáfio de anos).

 
 
Há gravidade, a gravidade... Ah gravidade!
 
A realidade?!
 
Há grave idade!
 
Somadas não há nada mais grave!
 
O fato é que tenho sentido as coisas de modo mais grave, a maternidade de minha mãe, a amizade dos meus amigos, a obrigatoriedade do trabalho.Tudo tem sido grave feito um grande evento de proporções tão individuais quanto microscópicas.
 
Houve um tempo onde celebrava a passagem dos anos, refletia passados, avaliava o saldo da Vida.. Pensava... "é... Foi bom! Há de ser melhor"
 
Hoje não mais.
 
A partir de agora não faço mais epitáfios de anos, sendo este meu último. Não celebrarei mais de forma tão avaliativa ciclos que na verdade não são, mas gozarei do todo indivizível da Vida, indiscriminável, inseparável desde aquela quarta-feira de 25 anos atrás.
 
Não espero melhoras, não espero pioras também para a data de amanhã. A Vida se dá por sentimentos, sensações, e não por frações do tempo, insinuações quantitativas da nossa passagem furtiva pelo que somos.
 
A Vida ignora calendários. Aprendi.
 
Há gravidade...
E por tanta "gravidez" da Vida, e pelo tempo que não se conta na realidade dos fatos, mas pelos próprios fatos que estão sempre o esticando ou comprimindo, por tudo isso, nesse momento onde todos celebram as datas chocando taças de cristal e champagne, eu quero brindar meu corpo no teu, sacudir o líquido vermelho que carregamos, derramar-me no choque do que sou com tudo que amo, emitir estridente o som desse encontro em um grave, gravíssimo, gravissíssimo... Abraço... todos os dias.

Não há NADA mais grave que um abraço!

_Me abraça?!

Phelipe Ribeiro Veiga
21 de Dezembro de 2012 - 12:52

"Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente." (Poema de Natal - Vinícius de Moraes)

Um comentário:

Fruto que vem da terra seca disse...

Também deixei de contar os dias, comemorar datas e eternizar momentos. Hoje comprometo me a viver com intensidade a cada dia que se passa e aproveitando cada segundo emocionante. E depois eu apago tudo da mente, e começo o dia como se não houvesse dia anterior. E tem dado certo. Epitáfios são desnecessários. Faz bem de vez em sempre esquecer calendários e memórias e ter alegrias instantâneas.
Belo texto Ph.
Saudades de você Hurricane Boy

(...)

Eu vi uma casa se despir. Era uma despedida. Se despia dos quadros das paredes e exibia as marcas do tempo como um corpo que, após usar por ...