quinta-feira, 2 de junho de 2011

Essa tristeza




Verdade! Às vezes bate uma tristeza!

Mas a vida é assim mesmo, não é? Feito o compasso do coração, uma batida mais forte e depois uma mais fraca, um dia e depois a noite. Mas não é uma tristeza comum essa não. É daquelas silenciosas, que você até abre a boca pra reclamar dela, mas bate um cansaço, que você prefere se calar e esperar pra ver se passa sozinha.

É, às vezes dá uma tristeza.

É um incomodo estranho, injusto, e por mais que bem argumentado, não soa muito bem justificado. Daquele tipo que você se pergunta se precisaria mesmo estar sentindo isso, se isso é mesmo necessário, se você não poderia fazer por menos. Essa tristeza é como quando comemos algo muito saboroso, mas no fim vem aquele amargor sutil, miúdo. Essa tristeza é um incomodo feito terra em cima da cama, feito lençol que embolou e não te deixa dormir. Essa tristeza precede um mergulho, sucede um suspiro, é conseqüência da consciência de coisas que você talvez não quisesse ter consciência, essa tristeza é talvez a ciência de um erro que já não pode ser reparado, de um dia que não vai deixar de existir, de uma palavra dita que jamais se recolherá ao esquecimento.

Ela arma tenda pra palhaços que não aparecem, afina instrumentos que não são jamais tocados, Ela enuncia a falta, a carência e o desamparo que estão ali todos os dias, mas que diante dela não podem ser disfarçados. Ela desmascara a fantasia, desnuda a esperança, ela envergonha as alegrias, ela destrói tudo muito sutilmente, sem alardes.

Essa tristeza é triste mesmo, é uma tristeza leve, cálida, sutil, mas dentre todas é a que mais persiste, é a tristeza mais triste que existe.

É, às vezes dá uma tristeza!

Phelipe Ribeiro Veiga
02 de Junho de 2011 - 15:28

PS: Lidar com essa sensação é tão chato, que me recuso, não lerei o que acabei de escrever, ao menos não até que passe.

3 comentários:

Anônimo disse...

"É...ás vezes dar uma tristeza mesmo"...eu que o diga, tenho usado meu silêncio como defensiva mediante a nostalgia que me contagia...então vou até o mar contemplar sua beleza e respirar um pouco de ar puro pra liberar tudo que me aprisiona e me retrai...excelente postagem querido!
E que essa tristeza escorra pelos ralos da 'cidade' e nos traga de volta a alegria.Bjssss

Ingrid disse...

sabe que é inevitável ..
mas passa .. sempre passa..
beijos Phelipe

Ingrid disse...
Este comentário foi removido pelo autor.

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