sexta-feira, 17 de junho de 2011

A menos amada




Acaso não te queria eu tanto o quanto te dizia querer? Acaso não eram tuas minha devoção, dedicação e amor? Porque fostes então te atirar assim nessa defensiva tão radical? Porque fostes escrever um imenso "não" na palma de tua mão só pra me espalmar a face a cada demanda minha? Acaso não eram todas elas demandas de amor? Ah meu amor, não se responde amor assim! Isso há de se aprender com a dor! E a qualquer um que gosta de brincar de "pique-pega" com a dor, digo sem medo de errar, não há mangueira que você possa subir, muro que possas saltar, cercas que possas estender que te possa preservar de por isso passar... minha criança. Por dores todos passam, ela nos alcança nem que seja no silêncio das noites, num abraço de um pesadêlo. Aprender com a dor não é pra todos, somente pra quem tem coração de brejeiro, mãos de jardineiro, porque o mundo meus irmãos é um imenso brejo no qual faz-se necessária dedicação pra se ter uma mera flor, que dirá de uma flor de amor.

Ah se tu entendesses o quanto te quero... Mas tens teus olhos vendados pra contemplar o que já não existe, és mulher sentada ao chão cercada de bonecas, és mulher fingindo ser menina pra não ser mulher, és minha fingindo não ser, e é de tanto fingimento que meu amor por ti jaz a esmorecer.

Ah caríssima dama a quem tanto amo, a quem dedico os meus inúteis pensamentos, meus medíocres sentimentos, eu vasculho teu corpo em nossos sexos inflamados, e visito cada mucosa e orifício teu em busca de nenhuma outra coisa, senão de um atalho pra que em meio a tanta brasa eu possa me alastrar por dentro de ti e inflamar seu coração. Mas não há calor que ateie fogo em palha molhada. Não há amor que se alastre por coração de porta trancada.
Por fim, o que resta minha amada... é gozar.

Phelipe Ribeiro Veiga
17 de Junho de 2011 - 17:00

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